Há, tem de haver sempre Uma Altura…
Em que os silenciados
Os proscritos
Os silenciosos
Os tímidos
Os temerosos
Querem fazer ouvir o som da sua voz
E reparam então
Que mais do que isolados
Eles são a maioria
E assim
Nunca estiveram realmente sós…
Na sua exclusão
Na opção que fizeram
Na ideia que tiveram
No conceito que defenderam
Ou simplesmente
Naquilo que leram…
Porque lhes disseram estarem errados
Que os seus actos
Os seus ideais
Os seus sonhos
Eram um veneno
Que os tinha amaldiçoado
E por isso era legal
Era lícito
Era moral e eticamente correcto
Que tivessem sido postos de lado…
Quando afinal a sua diferença era demasiado saudável
Tão saudável
Tão salutar
Que corria o risco de um mundo intoxicado
Poder desanuviar…
Um mundo imerso em leis e conceitos
Que nos foram dados
E depois impostos
Não para nos libertar
Mas como uma forma
Disfarçada de democracia
De nos dominar
E por isso essas diferenças
São tão perigosas
Que levam à pena maior que um humano é capaz de executar
Um igual a si
Abandonar…
Mas nada é eterno
Os donos
Os senhores
Não estão destinados a reinar até ao final dos tempos
O seu tempo de domínio
É quanto menor
Quanto maior for a repressão
E assim
No final de mais um capítulo humano
Serão os esquecidos do mundo
Quem realmente sobre o mundo reinarão…