Não vou, não quero deixar…
Que os nossos filhos
Os nossos netos
Tenham como herança
A falta de tudo
Porque receámos
Ou estávamos demasiado chocados
Com o estado da situação
Onde o estado
Em vez do papel salvador
Vestiu a pele de vilão…
Não me quero sentir moral
E materialmente culpado
Por fazer parte de uma geração que se rendeu
E que acha normal o capital
Ocupar tudo
Até o espaço do mais simples e belo Ideal…
Que se ache normal
A reprodução pela reprodução da riqueza
Uma certeza
Que nos levou a que a humanidade
Dita moderna
Tivesse abraçado
Sem questionar
A teoria da evolução
Onde só os mais aptos vingam
Deixando todo o resto
Destinado à extinção…
Não pactuo com cobardes
Com políticos que não são corruptos
Porque as leis que eles fizeram dizem o contrário
Não admito que uns poucos para singrarem
Condenem tudo o resto à fome
Que o primado da mediocridade
Tenha substituído o da honra
Não alinho
Não posso alinhar com tal
Porque isto é um retrocesso
Não é uma evolução
Nem que tenhamos que recuar no tempo
Amedrontar os que querem ser nossos donos
Mostrando que pode ser bem real a palavra
Revolução…