Quando o governo…

Me pediu sacrifícios

Em nome da austeridade

Para repor as contas certas

Da nossa sociedade

Eu sabia que o governo faltava à verdade

Porque olhei para uma população a empobrecer

E para os bancos

E as empresas deles

Ou a eles filiadas

Sempre

Sempre a florescer…

Disse que iria suspender direitos adquiridos

Que iria varrer do mapa

Anos de lutas pelo que era essencial

Anos de lutas dos meus avós

Dos meus pais

E até meus

Nas manifestações que fiz quando andava na faculdade

Quando o governo disse que ia suspender os nossos

Mas os seus não paravam de aumentar

Eu sabia que o governo estava a faltar à verdade…

Anunciou com pompa e circunstância

Que iria vender a nossa canção nacional

Para mostrar aos mercados

E aos seus donos do norte

Que para cumprir objectivos económicos estava disposto a qualquer sacrifício

Eu sabia que essa venda era um roubo

Era um crime que iria passar impune

Porque o dinheiro não iria servir para matar a fome do meu povo

O dinheiro iria servir para que aqueles que sem a politica nada teriam

Continuassem a ter a sua vida de ricos

Eu sabia que tinha criminosos

E não políticos

A governar a nação

Porque nem tudo se vende

Nem tudo pode exigir sangue suor e lágrimas

Porque não pode ter preço a alma e o orgulho nacional

Porque não se vende a história

E muito menos a tradição

E por isso eu sei

Que o que o governo em nosso nome faz

Sobre o nosso cadáver adiado

Só pode ter outro nome:

Traição…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 07/09/2012
Código do texto: T3870266
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