Quando o governo…
Me pediu sacrifícios
Em nome da austeridade
Para repor as contas certas
Da nossa sociedade
Eu sabia que o governo faltava à verdade
Porque olhei para uma população a empobrecer
E para os bancos
E as empresas deles
Ou a eles filiadas
Sempre
Sempre a florescer…
Disse que iria suspender direitos adquiridos
Que iria varrer do mapa
Anos de lutas pelo que era essencial
Anos de lutas dos meus avós
Dos meus pais
E até meus
Nas manifestações que fiz quando andava na faculdade
Quando o governo disse que ia suspender os nossos
Mas os seus não paravam de aumentar
Eu sabia que o governo estava a faltar à verdade…
Anunciou com pompa e circunstância
Que iria vender a nossa canção nacional
Para mostrar aos mercados
E aos seus donos do norte
Que para cumprir objectivos económicos estava disposto a qualquer sacrifício
Eu sabia que essa venda era um roubo
Era um crime que iria passar impune
Porque o dinheiro não iria servir para matar a fome do meu povo
O dinheiro iria servir para que aqueles que sem a politica nada teriam
Continuassem a ter a sua vida de ricos
Eu sabia que tinha criminosos
E não políticos
A governar a nação
Porque nem tudo se vende
Nem tudo pode exigir sangue suor e lágrimas
Porque não pode ter preço a alma e o orgulho nacional
Porque não se vende a história
E muito menos a tradição
E por isso eu sei
Que o que o governo em nosso nome faz
Sobre o nosso cadáver adiado
Só pode ter outro nome:
Traição…