O tempo que passa…

Entre o por do sol e o seu nascer

É o tempo que leva algo

A vir ao mundo e a morrer…

Um tempo de mensuração subjectiva

Porque pode parecer a alguém um instante

O tempo que leva a cair uma lágrima

Mas uma eternidade a desaparecer aquilo que ela deixa cavado em nós:

Uma ferida…

Ou então a lágrima parece nunca mais se evaporar

Mas quando ela parte

Nada fica como seu testemunho

Nada fica em seu lugar…

Porque o lugar em nós

Que algo deixa

É que define e mede esse tempo

Porque o que não vale a pena

Dura menos do que segundos

Ficando na eternidade de mais um esquecimento…

E para além da ciência que procura o tempo definir

Para além da filosofia que o quer interpretar

Para além da literatura que o ambiciona embelezar

Está o homem

O criador deste conceito

No qual se viciou

Uma ideia que viu ser maior do que o criador

Que o viu subjugar

E por isso tentou inventar uma série de instrumentos onde a pudesse aprisionar

De uma forma inútil

De uma forma vã

Porque a metáfora da lágrima a cair

Resume o que ele é para nós

Resume o seu significado

Captou a sua essência

Porque sem pessoas para o sentir

Esse tempo perde toda e qualquer valência

Deixando então a natureza vingar

E nos mostrar que quase tudo com que preenchemos o tempo

Porventura será insignificante

Tal como poderão ser insignificantes

Todas as reflexões desta espécie de carta

Dado ter tentado resumir imensas coisas

Tentei de facto pará-lo

Mas neste lapso dele próprio em mim

A verdade interior e exterior não deixa de existir:

Tudo continua a decorrer enquanto

O tempo que passa…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/08/2012
Código do texto: T3856780
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