Houve um tempo…

Antes de nascermos

Em que foram tecidas as leis do mundo

Que ditariam a forma como agiríamos

Como nos conheceríamos

Leis oportunas da civilização

Que quando quiseram ditar a forma como deveríamos sentir

Perdeu todo o sentido

Toda a sua razão…

Viemos assim ao mundo

Num mundo formatado

Que perdeu o seu rumo

Quando em vez de formar

Quis enquadrar

Tudo numa realidade

Onde controlaria todas as suas variantes

E de onde nada poderia escapar…

Mas claro

Era suposto ser uma democracia

E por isso tolerava cantos de diferença

Sem a assimilar no entanto

Tratando esta como um mero jardim zoológico

Que existia em nós para dizermos que a integrámos

Mas que vivia em nós

Mas num local devidamente de nós separado…

E chamámos aos diferentes alienados

Ou na melhor das hipóteses “artistas”

Seres folclóricos

Que faziam bem à nossa vista

Mas um terrível mal à nossa socialização

E por isso os remetemos

Para uma espécie de prisão…

Porque não há pior prisão

Do que aquela que não tem paredes

Que nos dá uma ilusão de liberdade

Não nos permitindo na realidade

A podermos aproveitar

Houve pois um tempo

Em que o tempo acabou

Quando pegámos em quem tinha a coragem de ser diferente

Ou se tinha assim naturalmente nascido

E excluímos

Em vez de incluir

Houve no entanto um tempo belo

Que li algures nos livros

Um tempo que sei que existiu

Que quando tal dizia

Dizia com todo o sentido

Houve um tempo

Em que te quis de facto

Plenamente comigo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 16/08/2012
Código do texto: T3832937
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