Não sentimos nada…
Quando sentimos a indiferença
Perante o que não deve ser ignorado
Quando uma voz que pede para ser ouvida
Vê e sente
Que até o seu eco
Tende a ser silenciado…
Quando se inventam valores
E dizem que são também os nossos
E de todas as formas tal nos querem impor
E nada sentimos
Deixamos de sentir
Até mesmo qualquer tipo de dor…
A dor por ver que as modernas democracias
As modernas sociedades
São muitas vezes demasiado iguais
Ás que ousam criticar
Só porque as pessoas são eleitas por estes lados
A indiferença perante o essencial
Temos que tolerar…
Não sentimos nada quando sabemos que o jogo está viciado
Quando a socialização
Destes dias
É apenas uma forma bela
De chamar outros nomes à solidão…
E nada sentimos
Perante esta louca arbitrariedade dos sentidos
Em que o que interessa é o que parece ser
E não o que é de facto
Quando o cinismo
E a frieza dos números
Tomou o lugar das ideologias
Tornou pecaminosa a discussão de ideias
Porque o que interessa no final de tudo isto
É uma perigosa unanimidade
E por isso eu nada sinto
Sinto apenas que tudo isto
Pode ser muita coisa
Mas não é de certeza a verdade
Aquela em que olho para ti
E sei que estarás sempre comigo
E eu contigo
Independentemente do que pensam de ti
Desde que eu penso o que sinto
Serei sempre teu Amigo…