firmar contrato
eu vos dou a palavra e a ciência,
e, tu me dá a atenção e a cumplicidade
eu vos dou o olhar e a imagem,
e, tu me estica a retina diante da luz que produz a visão
eu vos dou minha alma embalada em papel salofone
e, tu me presenteia com um semblante amigo e cordato
eu vos dou a mão, o gesto e o afago
e, tu me dá a chance de amparar, de escorar e unir esforços contra um tropeço comum
eu vos dou um caminho para percorrer,
e, tu dá passos hesitantes, titubeantes,
ziguezagueando nas sinuosas curvas dos precípios
eu vos dou reticências,
e, tu me devolve todo esse lirismo,
todo esse querer que não posso devolver...
toda essa cumplicidade incontida no silêncio,
e, essa mão que afaga e desconcerta.
eu vos dou o contrato da vida,
e, tu me devolve essa em parceria.
no horizonte apomos nossas assinaturas,
signos identificadores de nós mesmos,
na primeira nuvem: a única cláusula contratual
indescritível, imensa, volátil e fatal.
como o amor e a parceria
que se enlaçam numa tempestuosa manhã.