SEM RIMA 118.- ... mulher impossível ...
Gosto de corresponder os comentários
que diversas pessoas fazem
aos meus textinhos.
Não satisfaço sempre esse meu gosto
porque nem tenho sempre vagar
nem as musas sempre me visitam
ou por motivos que liscam* de mim:
Somos humanos e os humanos...
Já se sabe que mancar faz parte
da nossa existência...
Contudo, escuso-me de apenas
comentar hoje o comentário
que "Serpente Ángel" enviou,
em 19 de maio deste ano 2012,
ao texto "Sem Rima 114.- românica
ou romântica", referido à mulher.
Diz-me: "Bom dia Poeta. Linda escrita,
penso que adentrar à alma
de uma mulher, quando essa lhe permite,
deve ser como adentrar à um santuário.
Linda, delicada, misteriosa, doce..."
Não acham que é um primor
tal comentário amável?
Permite, leitor/a, que faça uma confidência
(que tenho feito em mais de uma ocasião):
Sempre quis ser mulher, não varão transferido,
mas mulher desde o início dos meus dias.
Aduzia (e aduzo) bastantes razões,
dentre elas a capacidade de fruir
e sofrer com intensidade extraordinária.
Porém, "Serpente Ángel" oferece-me
um motivo e razão, a meu ver, substanciais:
Que gozo, que alegria até ao êxtase
adentrar na minha alma (de mulher,
se a fosse) e, adentrando-me, adentrar
num santuário, habitáculo dos deuses!
Agora tenho ainda mais saudades
da mulher que nem fui nem serei...
(Quem sabe se numa reencarnação
tão hipotética quanto desejável...)
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(*) "liscar" v. i. (1) Marchar, ir-se. (2) Fugir: liscou quando viu a polícia.
v. tr. Criar bichos a carne.