Lamento

Não me machucaste,

Não tocaste em mim,

Mas sangraste-me o rosto

Com tua covardia!

Quebraste-me o selo da confiança!

Que direi agora ao sabiá

Com quem converso todas as manhãs?

Que perdi a esperança?

Que me lograram a alegoria?

Não! O sabiá guarda na lembrança

Com seu canto encantado

A minha mensagem de todos os dias!

Enganaste-me sorrateiramente,

Diluíste meus sonhos na cálice da hipocrisia

E agora estou vazio de repente!

Como pudeste agir assim?

Destruíste as flores do meu jardim,

Deixaste-me abandonado!

Um infinito deserto para minha essência,

Estou acorrentado... desesperado!

Levaste para bem longe a minha eloquência...

Estou numa rua estreita,

Num beco sem saída,

Com minha alma em frangalhos!

Traíste-me a confiança!

Revelaste meus segredos...

As veredas da vida estão repletas de atropelos,

Não tenho para onde ir...

Um dia te chamei de amigo,

Deitei minhas lágrimas em teu ombro-amigo,

Agora me vejo desolado...

Quero meus segredos de volta,

Tentarei modificá-los a natureza

Porque a essência de sua beleza

Está no que os poetas declamam

A todo instante e a toda hora...

É que os homens também choram!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 05/05/2012
Código do texto: T3650977
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