O Tempo Certo…

Algo surpreendido reparei que o tempo medido

Não é o meu tempo

Que ele e eu

Por vezes andamos em diferentes direcções

Em compassos diversos

Que pelas leis do cosmos

Deve ser um instrumento

Para evitar determinado tipo de colisões…

Como ter a sensação de te estar a ver a afogar

E te querer salvar

E constatar que não queres essa ajuda

Porque se trata de uma ilusão

Do tal tempo

Com o qual ando em contra mão

Porque de facto um dia te afogaste

E eu não estava lá

Estava algures no teu futuro

Onde já tinhas aprendido a nadar

E assim a minha função

Seria apenas

Não de te socorrer

Mas as lágrimas dos teus mergulhos

Dos teus naufrágios

Me limitar a secar…

Percebi então a função disléxica do tempo

Aquela de me colocar no lugar certo

Na altura pouco adequada

Aquela de estar no caminho

Depois de já construída a estrada

Aquela em que os teus gritos

São hoje murmúrios de paz

Ou uma mera concessão de conformismo

Percebi que o tempo

Se distorceu

De forma propositada

Pois essa era a única forma de te ter comigo

Percebi que viveríamos sempre

Em diferentes realidades afectivas

Pois essa era a única maneira

De não sublimarmos

De deixarmos antes cicatrizarmos as nossas feridas…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 15/03/2012
Código do texto: T3555176
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