Quando por vezes as palavras não ditas são as mais belas…

Por vezes

É mais belo subentender

O que temos para dizer

Pelo simples prazer

De quem amamos

Nessas palavras contidas

Mas belas

Outras ainda mais belas

Essa pessoa poderá ler

E começar de novo a aventura da descoberta

Poderá redescobrir

Mesmo passadas mil vistas

A magia de nos ver…

Reparando que os nossos olhos afinal não são castanhos

Azuis

Verdes

Como ela pensava

Que os nossos olhos possuem todas as cores do mundo

Dependendo da intensidade

Com que contemplamos quem amamos

Uma espécie de relevo sensitivo

Que nunca é igual

Que tem sempre uma perspectiva diferente

Dependendo apenas do ângulo em que as observarmos

Porque os sentimentos possuem uma base

Mas são sempre sentidos de uma forma diferente

Sendo isso que os torna belos

Porque o que julgamos linear

E banal

Está muito longe de ser aparente

Se visto pelos olhos certos

Fica a anos-luz de o ser

Nos devolve uma perspectiva refrescante da vida

E sentimos que esta

Apesar de demasiado breve

Ao infinito convida…

Por isso nunca caminhamos de facto a sós

Porque no percurso para onde vamos

Nos entretemos

Com novas formas

De o velho dizer

E de novo criar

Pelo puro prazer

De quem amamos

Podermos surpreender

E assim

Os olhos mudam de coloração

Sem lentes da moda

Que servem para parecer

E não para a visão

E descobrimos

Que as palavras são mutantes

Maravilhosas

Na sua bendita diversidade

Pois são as palavras

Que se correctamente usadas

E praticadas

Assegurarão

Que quem amamos

Fique connosco

Pelo que nos resta viver da Eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 14/03/2012
Código do texto: T3553154
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