Quando por vezes as palavras não ditas são as mais belas…
Por vezes
É mais belo subentender
O que temos para dizer
Pelo simples prazer
De quem amamos
Nessas palavras contidas
Mas belas
Outras ainda mais belas
Essa pessoa poderá ler
E começar de novo a aventura da descoberta
Poderá redescobrir
Mesmo passadas mil vistas
A magia de nos ver…
Reparando que os nossos olhos afinal não são castanhos
Azuis
Verdes
Como ela pensava
Que os nossos olhos possuem todas as cores do mundo
Dependendo da intensidade
Com que contemplamos quem amamos
Uma espécie de relevo sensitivo
Que nunca é igual
Que tem sempre uma perspectiva diferente
Dependendo apenas do ângulo em que as observarmos
Porque os sentimentos possuem uma base
Mas são sempre sentidos de uma forma diferente
Sendo isso que os torna belos
Porque o que julgamos linear
E banal
Está muito longe de ser aparente
Se visto pelos olhos certos
Fica a anos-luz de o ser
Nos devolve uma perspectiva refrescante da vida
E sentimos que esta
Apesar de demasiado breve
Ao infinito convida…
Por isso nunca caminhamos de facto a sós
Porque no percurso para onde vamos
Nos entretemos
Com novas formas
De o velho dizer
E de novo criar
Pelo puro prazer
De quem amamos
Podermos surpreender
E assim
Os olhos mudam de coloração
Sem lentes da moda
Que servem para parecer
E não para a visão
E descobrimos
Que as palavras são mutantes
Maravilhosas
Na sua bendita diversidade
Pois são as palavras
Que se correctamente usadas
E praticadas
Assegurarão
Que quem amamos
Fique connosco
Pelo que nos resta viver da Eternidade…