A Tua Casa…
Casa
Palavra dita e repetida por ela
Desolada
Enquanto me olhava com pouco sentido
Olhando o céu ao mesmo tempo
Com demasiado sentido
Dizendo que mesmo com companhia
Por vezes
Se sentia insustentavelmente abandonada
Suspirando
Por aquilo que mais desejava
Uma simples
Casa…
Desejando ter um lugar
Um local
Onde lhe apetecesse regressar
Quando se fartasse
De nos lugares por onda andava
Estar…
Não era uma questão de ninho
Uma questão de orfandade
Era simplesmente um sentimento de pertença
Que ela não tinha
Que sentia que lhe faltava
Pois ela podia ter tudo
Mas não sentia que tinha um lar
Aquele lugar
Muito
Ou nada secreto
Onde temos um dia
Uma enorme vontade de regressar…
E por isso me olhava
Naquele momento crucial
O momento em que iria
Mais uma vez partir
Mas sentia
Que não tinha um lugar certo para onde ir…
E foi então que abri um daqueles livros pejados de lugares comuns
Mas este era belo
E por isso merecia o pecado da vulgaridade
E li-lhe apenas uma frase batida
“Casa é todo aquele lugar onde gostemos de estar…”
E foi então que ela sorriu
Ela percebeu
Que era então a pessoa mais feliz do mundo
Por gostar de tantos sítios
E sentiu
E soube
Que não era um espaço porque ansiava
Era uma resposta
A resposta que lhe dei
E foi então que ela sorriu
Por saber
Que o seu lar
Era todo um planeta
Que nem num milhão de vidas poderia ocupar
Ela sorriu
Porque parecendo-lhe até ali que não tinha nada
Ela tinha tudo
E saiu feliz para as ruas do mundo
Para a sua Casa…