O Tempo…

Caracteriza-se por uma doce

Ou amarga relatividade

Segundos que duram demasiado

Ou que por serem demasiado breves

Temos certas dúvidas

Se deixarão alguma marca na eternidade…

Pois o tempo

Que demoro a fechar um livro

Que por ter demasiado gostado de tal

Tendo a perpetuar tal

Querendo ignorar que é inevitável essa despedida

E por isso assim te deixei demasiado lentamente

Esquecendo

Que dessa forma

Mais do que uma boa memória

Se demora a cicatrizar uma ferida…

Porque todas as vidas são livros

Pelo que escondem no seu interior

Difícil por vezes

De perceber na sua capa

Na sua superfície

A que só chegamos

Se essas páginas

De forma cuidadosa soubermos ler

Soubermos voltar

Mas nem todos os livros mostram realmente vidas

Nos revelam a sua essência

A sua intensidade

Ficam-se na capa

Tocam a superfície

Mas falham a leitura do interior

E no entanto

A metáfora entre estas duas identidades

Uma viva

Outra o reflexo de tal

É inevitável

Na tal hora da despedida

Porque quem ama pessoas

Quem ama livros

Acha insuportável

O momento

Em que dos dois

Nos temos que separar

Desejando

Que pelo menos numa leitura

Numa pessoa

O tempo fosse efectivamente relativo

Abrisse uma excepção

E nos deixasse

Com essa pessoa

Com esse livro

Para sempre permanecermos

Que esses momentos

Nunca pudessem acabar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 12/03/2012
Código do texto: T3549330
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