O Tempo…
Caracteriza-se por uma doce
Ou amarga relatividade
Segundos que duram demasiado
Ou que por serem demasiado breves
Temos certas dúvidas
Se deixarão alguma marca na eternidade…
Pois o tempo
Que demoro a fechar um livro
Que por ter demasiado gostado de tal
Tendo a perpetuar tal
Querendo ignorar que é inevitável essa despedida
E por isso assim te deixei demasiado lentamente
Esquecendo
Que dessa forma
Mais do que uma boa memória
Se demora a cicatrizar uma ferida…
Porque todas as vidas são livros
Pelo que escondem no seu interior
Difícil por vezes
De perceber na sua capa
Na sua superfície
A que só chegamos
Se essas páginas
De forma cuidadosa soubermos ler
Soubermos voltar
Mas nem todos os livros mostram realmente vidas
Nos revelam a sua essência
A sua intensidade
Ficam-se na capa
Tocam a superfície
Mas falham a leitura do interior
E no entanto
A metáfora entre estas duas identidades
Uma viva
Outra o reflexo de tal
É inevitável
Na tal hora da despedida
Porque quem ama pessoas
Quem ama livros
Acha insuportável
O momento
Em que dos dois
Nos temos que separar
Desejando
Que pelo menos numa leitura
Numa pessoa
O tempo fosse efectivamente relativo
Abrisse uma excepção
E nos deixasse
Com essa pessoa
Com esse livro
Para sempre permanecermos
Que esses momentos
Nunca pudessem acabar…