De que te servem as Tuas Asas…?
Se não as usares para o que foram naturalmente concebidas
Para voar
Se insistes em ficar no chão
Onde em caso de fuga
Elas são um mero adorno
Que só serve para atrapalhar…?
Qual ave de capoeira
Que cuja utilidade é apenas servir
De forma automática
Sem o luxo
De poder sentir…?
Servem para os outros tal beleza apreciarem
Mas nada mais do que isso
Servem para a vista
Sendo no corpo
Funcionalmente
Um enorme desperdício…
Que se tornam pesadas
Com o decorrer da evolução
Que se transformam numa veste incómoda
Que não consegues despir
Estando assim destinada
A vestir a personagem
Dessas asas
E não a assumir
E viver
A que está no seu interior
E com o tempo
Mais do que prazer
Elas ir-te-ão
Dar dor…
Sem elitismos
Sem nomear
Quem achamos que pode voar
Porque todos o podemos
E só a nossa vontade intrínseca
Ou a falta dela
Algo que depende apenas de nós
Tal voo pode abortar…
Porque se tas deram
A funcionar
Tens a obrigação sensorial
De as utilizar
Sem medo do primeiro voo
E da possível queda
Sem medo de te poderes magoar
Porque outro voo virá
E finalmente
Aprenderás a estar de forma permanente no céu
Aprenderás
Que é possível
O que dizem impossível
Que o teu sonho
Também possa ser o meu
Aprenderás
Que mesmo que esse voo
Tenha durado um segundo
Terás voado para sempre
Para toda a eternidade
Porque soubeste o que é ser livre
Soubeste ser um pássaro
Ou um anjo
Que depois pode ter caído no chão
Mas és e serás um ser dos ares de facto
Porque viver dessa maneira
Mais do que uma bela mas vazia declaração de intenções
Voar é Um Acto
Que torna Maiores quem o tenta pelo menos
E não quem olha o céu
Como algo de inalcançável
Tal como o pintor
Em termos de potencial
O melhor
Mas que não o é
Porque não sente o que pinta
A sua arte
Não sente o rosto
Do seu retrato
Não sente
E tal não admite
Dizendo que vive
Mas não sabendo o que é viver
Sendo que desde o seu nascimento
Ele
Ela
Qualquer ser
Que aja desta forma
Em vida
Esteve sempre a morrer…