tranças e laços (Vania & Tera)

...enrolamos tranças numa tarde fria

(com alma tropical)

e a conversa fica um abraço sem dimensão, com o Mar ao meio...

há um azul irrequieto ao fundo do quadro que nos reúne.

um dia, a gente reinventa o mar

e havemos de ter a fotografia intensa

já não vaga de esperança, mas maré acontecida.

sabes que almas têm oceanos?

mas o oceano pode ser uma lágrima, uma lâmina...

ou o respirar de um afecto

por isso, respiremos

(ar de saudade não mata…)

por agora, vamos ser pedaços de terra

e descolonizar saudades

com certezas de céu verde

e mar transparente

…caravela também é este carinho

este círculo que estima gente

uma palavra que nos veste

tal qual um vestido que nos encontra

e nos rouba a forma

e a leva para lá do céu

porque as asas de um vestido

morrem quando a prova se ultima

a estreia se avizinha e a saudade do cheiro

dos tecidos recortados repuxa a dor dos alinhavos...

também eu

já parti quase minha liberdade de ficar

mas aprendi a morrer sem me deixar viver

morta por ninguém.

sou sem lado algum

não sei ser nada sem ser livre

nem tudo sem sobreviver:

a Vida é redonda

é Terra

imensidão essencial.

acaso já disse que sou (és) assim?

tentando ser-te...

tentando te imitar sem limitar-me

crio pontes entre nós

sobre rios em tentativa de espelho:

mãos com céu líquido a correr nos dedos

águas a entrelaçar segredos

pião em rodopio

até ao limite de um fio

(poesia ninguém segura, é corrente de alma pura!)

e tu és (eu sou) assim:

sem beira nem borda

mundo que não tem margem

em palavra escrita pelo dentro de fora

dos papéis que não subjugam linhas.

mesmo que nos deixem escrevendo

em conchas vazias

desafiando o improviso

improvisando a sorte.

vamos morrer de alegria em cada linha.

pagar o que devemos em poesia.

hoje é sempre dia de viver a única certeza:

as palavras sentem.

e quando a poesia encontra o valor da troca

as horas são imortais...

(seus olhos tem uma cor que foge do céu invade o mar como golfinho, turva a água dos pensamentos)

(as flores que sorris só adormecem, nunca sabem o fim dos lábios:

antes do precipício recolhem as cores do sol e escolhem ser sonho nas galáxias)

-Vania Lopez!-

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