Jorge Carrano, pelo alter-ego...
Ainda bem que não morri aos 58 anos,
mas os outros 58 morreram em mim.
Ele se foi, nostálgico eu, cansado eu;
e eu, que não me era mais, fiquei e voltei;
trouxe de volta o que não fui.
Busquei em tudo e em todos os vários "Eus"
que morreram nesses 58 anos vividos,
esses mesmos 58 anos morridos aos poucos,
recalcados, medrosos, não-eu...
Ainda bem que vivi, não sendo eu,
nesses 58 anos morridos, anos idos
pois agora eu sei, eles não eram eu...
Porque o verdadeiro eu, só agora,
após a morte pré e matura, sei quem é...
após 58 anos mortos.
Valdeck Almeida de Jesus
(livraria Cultura, 26/01/2012)
Ainda bem que não morri aos 58 anos,
mas os outros 58 morreram em mim.
Ele se foi, nostálgico eu, cansado eu;
e eu, que não me era mais, fiquei e voltei;
trouxe de volta o que não fui.
Busquei em tudo e em todos os vários "Eus"
que morreram nesses 58 anos vividos,
esses mesmos 58 anos morridos aos poucos,
recalcados, medrosos, não-eu...
Ainda bem que vivi, não sendo eu,
nesses 58 anos morridos, anos idos
pois agora eu sei, eles não eram eu...
Porque o verdadeiro eu, só agora,
após a morte pré e matura, sei quem é...
após 58 anos mortos.
Valdeck Almeida de Jesus
(livraria Cultura, 26/01/2012)