O FELIZ NATAL DOS SONHOS

O FELIZ NATAL DOS SONHOS

Certa vez, passei um natal solitário...

Optei por confrontar meus sentimentos

Fiz-me réu de todos os firmamentos

Abduzi-me desse tal mundo santuário.

Desconectei o telefone, abri portas e janelas,...

Minha geladeira arfava de tão cheia

Cerveja e uísque eram minhas donzelas

Não esperava um papai Noel para a ceia.

Ouvia um rock no ultimo volume

Dançava feito uma serpente

Minha alegria ebulia fervente

Quando repentinamente, senti-me um estrume,...

Era uma criança, negra, iluminou minha porta.

Vinha dividir o parco pão com esse pagão

Não agüentei, chorei até florescer minha aorta,...

Sua mãozinha afagava meus cabelos em desunião...

Não compreendia o que ali estava ocorrendo.

Morava eu, próximo a uma favela...

Correu, e voltou com sua mãe magricela,...

Pensavam que eu estava morrendo.

Refeito e acarinhado pelo que desconhecia

Convidei-os para passar o natal comigo

Recusaram, levaram-me para seu barraco como amigo...

E fui recebido como não merecia.

Havia oito crianças, a mãe e seus pais idosos,

À mesa, era pão com manteiga e chá.

Oh! E como eram despretensiosos

Pedi que esperassem, pois voltaria já.

Aliviei a geladeira do árduo trabalho

Vi que os meus problemas eram banais

Tranquei a casa, meu castelo sem agasalho...

E retornei ao lar dos meus iguais.

Queriam me pagar pelo que lhes estava oferecendo!

E disse-lhes que eu sou quem estava lhes devendo.

Dançamos, bebemos, comemos, cantamos até o amanhecer...

Ah,... Rezamos. Como não queria ver esse dia alvorecer!!!

Convivi com essa família por doze anos

E nunca vi sinal de tristeza ou decepção.

Perdi amigos por desprezarem essa nova amizade

E compreendi que eles foram meus verdadeiros inimigos.

Vivi e vi todos os puros sentidos humanos

Que nenhum bom livro me ensinará essa lição

Esse simplório lar, sempre foi o aconchego da caridade,

Ali, pus-me longe de todos os perigos.

Eles tinham uma coisa chamada fé

Que não arraiga em qualquer pé.

A crença em Jesus era e é até hoje seu pilar

Que nenhum tipo de agruras poderiam derrubar.

Sabem o nome da mulher? Maria Madalena

E todos os seus filhos, tinham nomes de Santos.

Quantas e tantas vezes enxugaram os meus prantos...

... Era eu,... Digno de pena.

Estou longe, mas todo natal lembro-me do feliz natal risonho.

Esse fato mostra o quão perecíveis eram as minhas prioridades

E tornei desprezíveis as minhas vaidades

Testemunhar o que presenciei é renascer num céu de sonho.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 14/12/2011
Código do texto: T3389301
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