DESCULPA, LÁGRIMA PÉROLA BORBOLETA

Sei que as palavras por vezes estão a mais, mas foram ignóbeis e injustas palavras minhas que te feriram e depois, por ricochete sóbrio me feriram a mim, me dilaceram, me estão a dilacerar…Por isso, do meu Palácio de Gelo, me ajoelho e prostro humilde e tristemente pela dor e arrependimento nos teus Jardins Encantados e com a flor deste poema na mão e a alma triste na outra te peço

DESCULPA, LÁGRIMA PÉROLA BORBOLETA

Caminhos invernais

Que se confundem

Com infernais

Deixei-me emaranhar

Na minha terrível teia de enganos

Onde não quero voltar

Jamais

E te digo e peço:

Desculpa, lágrima pérola Borboleta

Porque num momento

De insanidade

Duvidei

Do que nos move

Da pureza da nossa amizade

E nessa estrada escura

Vi a luz errada do engano

E deixei

Que os meus olhos

Ficassem tapados

Por esse estranho

E áspero pano

Não senti então nada

A não ser a escuridão

E as mais tenebrosas trevas

Agindo então por vil impulso

Que me guiou a razão

Disse o que disse

Alterado

Química e psicologicamente

Não o querendo realmente dizer

Porque no meio do caos

Não sabia

Que te podia perder

Confundindo

O teu

Jardim Encantado

Com uma assombração

E investi em direcção a ele

Como um Príncipe

Investe em direcção ao Dragão

Depois

Dai a pouco

Senti a ferida

Da lança

E a vergonha do acto

Senti a vergonha

O mais profundo embaraço

E o dia se fez noite

Noite eterna

Porque te magoei

Pessoa querida

Pessoa terna

E perdido me sinto

Apesar

De ter saído

Desse labirinto

Perdido me sinto…

Porque apesar de todas as palavras ternas

Que já te dirigi

Nem sequer a mim perdoou

Pela maléfica ignominia que cometi

Por isso me sinto perdido

Neste Palácio cada vez mais frio

E deito assim lágrimas amargas

Para o meu rio

Do esquecimento

Esperando que este lave a face

E te leve

O meu mais profundo arrependimento

Porque os teus Anjos

Borboletas

E parte da poesia

Já fazem parte de mim

Estranha carestia…

De quem te estima

Mais do que tudo

O que possa perder

Porque nunca quero deixar de te sentir

Da tua doce atenção receber

Por isso agora

Me fechei

No purgatório

Que criei

Para sentir as mágoas

Até aos ossos

Até à alma

Para que nunca mais

Tal te faça

Em mares revoltos me encontro

E dos quais me quero salvar

Para depois do sofrimento

Só o bem eterno

A ti levar

Minha Amiga

Meu pedaço

De céu

Nunca

Pela eternidade fora

Terás um mau gesto meu

As armas foram queimadas

O príncipe outrora negro

Já só tem a alma

O coração

E mãos limpas

Com o qual escreve um milhão de linhas

Onde um milhão de vezes

Te pede perdão

Porque

Por milhões de “porquês”…

És parte do meu ouro

Que na cegueira estúpida

Não lhe dei real e magnífico valor

E por isso te peço

Com carinho

E te digo que me completas

Sem ti sou flor

Sem pétala:

Desculpa, lágrima pérola Borboleta