E estes são os dias…
Em que perdes a tua fé
E a recuperas
A uma extraordinária cadência
A uma absurda velocidade
Estes são apenas meros dias
Que pela sua intensidade
Ficarão marcados a sangue
E suor
Mas nada de lágrimas
Na tua eternidade…
Nos quais falas todas as línguas do mundo
Todos os seus dialectos
De forma clara
E bastante concreta
Mas estes são os dias de uma loucura global não assumida
Onde por muito objectivo que tu sejas
O que dizes é mal interpretado
Como se dos teus lábios
Das tuas mãos
Não saíssem palavras
Mas os mais estranhos de todos os objectos…
E assim sentes-te o único da tua espécie
Mas sabes que estás errado
Porque quem é único
É quem enveredou por uma cegueira branca
Prenúncio da mais delirante insanidade
E tu estás no meio disto tudo
Sentes-te humano
Na sua plenitude
Estranhando os outros humanos á tua volta
Que se esqueceram de tudo
Se esqueceram da própria humanidade
E estes são pois os dias
Em que a loucura virou norma
E a lucidez a excepção
Estes são os dias
Em que uma pessoa no caminho correcto
Tem a sensação de estar em contra-mão…