E estes são os dias…

Em que perdes a tua fé

E a recuperas

A uma extraordinária cadência

A uma absurda velocidade

Estes são apenas meros dias

Que pela sua intensidade

Ficarão marcados a sangue

E suor

Mas nada de lágrimas

Na tua eternidade…

Nos quais falas todas as línguas do mundo

Todos os seus dialectos

De forma clara

E bastante concreta

Mas estes são os dias de uma loucura global não assumida

Onde por muito objectivo que tu sejas

O que dizes é mal interpretado

Como se dos teus lábios

Das tuas mãos

Não saíssem palavras

Mas os mais estranhos de todos os objectos…

E assim sentes-te o único da tua espécie

Mas sabes que estás errado

Porque quem é único

É quem enveredou por uma cegueira branca

Prenúncio da mais delirante insanidade

E tu estás no meio disto tudo

Sentes-te humano

Na sua plenitude

Estranhando os outros humanos á tua volta

Que se esqueceram de tudo

Se esqueceram da própria humanidade

E estes são pois os dias

Em que a loucura virou norma

E a lucidez a excepção

Estes são os dias

Em que uma pessoa no caminho correcto

Tem a sensação de estar em contra-mão…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 05/11/2011
Código do texto: T3318152
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