Menos do que Humanos…
Somos iguais
Mas somos também
A quem menos chamam
E a quem nós próprios chamamos
Sangue do mesmo sangue
Lágrimas da mesma lágrima
Ou simplesmente
Menos do que Humanos…
Estamos no centro
Mas o nosso lugar é nos interstícios da humanidade
O amor que sentimos
O que desejamos
Tem imensos nomes
Os mesmos de toda a gente
Mas todos chamam a isso de forma errada
Saudade…
Errada porque vivemos no presente
E com olhos no futuro
Porque é o inverso da saudade
O que sentimos
É algo que nunca foi inventado por qualquer palavra
Ou mesmo qualquer expressão
E por isso
Apesar de bem nítido
O que sentimos está condenado
A uma eterna incompreensão…
E afinal
Não é nada de diferente
Nada de especial
Algo de até banal
Achar que o Todo é composto de amor
Achar que o que está a mais é excedentário
Achar que os olhares que não entendem tal
Deveriam ser postos de lado
É uma capacidade eterna de transformação
De transformar a dor
Em algo de luminoso
Não é evitar
Ou não querer ver o sofrimento
É apenas e tão somente
A tal dedicar o mínimo dos mínimos
Do nosso precioso tempo
Porque sabemos bem demais
Quem amamos
Ou simplesmente estimamos
E esta clarividência tem um preço
O de nos considerarem
Menos do que Humanos…