Balancete de Amizade
Precisava do tudo que abraça e completa a parte e do nada que apazigua o coração
Queria a imensidão de afectos que rogo aos céus e que me faz perder em atalhos
E nesse desejo louco e desenfreado ser simplesmente uma fada sem ter que dizer nada
Pela razão sabedora e apaixonada de ser tua pela razão errada
E se ansiava perdida estar nos vales do tempo que protegem o frio da mente
Desmotiva achar-me sem rosto numa paixão que enamora a alma
Não fosse o amor a suprema consumição de uma amizade sem recuo na estrada
E neste fado afónico onde a chama derrete a neve me vejo perdida sem encontrar a saída
Ensejo que esfola os sentimentos e aflora as emoções ao mais alto nível
Concedendo a dádiva de desnorteada estar nas ruas e esquinas das sensações
Que invadem o espirito em ondas ténues mas arrebatadoras de calor
Porque a chuva é o único traço negro desta pintura
E em loucas e dormentes ilusões cuja imaginação torna real, eu desejo
Aquecer-te como um sopro de calor que chega mansinho e devora o peito
Formigando os pés e encetando uma viagem sem rumo pelo corpo fervente
Magia de uma sedução atroz não fosse a realidade a bela canção do que existe em nós
E assim nesta corrupção sem abrigo seguir a rota do que está perdido
Intenções que o vento arrasta ao bocejar as nortadas de uma assombração sem paz
Ou a derrocada de um rio cuja nascente perdeu a ligação à foz
Pelo simples prazer de enquanto juntos nunca se sentirem sós
As expressões que se perdem no tempo são fugazes dissertações
Que nada valem quando comparadas com as fotografias que a alma reúne
Numa suave e envolvente forma de esculpir os corações
E nos olhos ou nos encantos do teu jeito a razão perde ainda mais o sentido
Face à dimensão das voltas e reviravoltas que os corpos dão
Ou nas conversas cujas gargalhadas ecoam em cada recordação
Nos anjos de suaves véus e mantos existe o expresso encanto
Das palavras sufocadas no peito esperando as asas para alcançarem a imensidão
Porque existem momentos que se estendem nas constelações da Vida
E outros que ultrapassando essa imensidão se propagam como o vácuo
Na mais inebriante e avassaladora velocidade sensorial dos sentidos
E por vezes a demência da existência é perceber a fragilidade de tudo
A forma como esse tudo se transforma em nada quando a varinha se perde
E o rumo para a perfeição deixa de ser o condão mestre da intuição
Vivendo e acalentando as histórias, as imagens, as pessoas recupera-se o brilho
E os reais assomos de esperança viram acessos de loucura apaixonante
Porque a coragem de querer é mais forte do que a de perder
E nesse jogo de sombras e escura sedução no qual os fantasma acomodam-se
Não fosse o grito do coração mais estridente e puro que a absolvição