Há um dia…

Em que acaba por chegar

E que pode durar apenas um segundo

Um dia em que rasgas convenções

Renegas uma parte de ti

E por arrasto a tua língua

Mandas à merda todo um elaborado sistema de entendimentos

Com que te rodearam

Porque não vêm em ti o óbvio

A tua clara cor do teu sorriso

O teu real lamento

Claros, bem claros

Sem sombra de um código escondido

De uma linguagem subliminar

E não arranjar demasiados artifícios

Para explicar o que é demasiado óbvio

Que sentes

Apenas isso

Sentes com uma invulgar intensidade

Sentes

Mas em vez de ser algo de belo

Vêm em ti nisso uma forma de insanidade…

Porque o dia acaba por chegar

E tu ao mesmo tempo sentes-te perdido

Mas ao mesmo tempo sentes-te ainda mais feliz

Porque percebeste a dimensão desse sentir

E apesar de te magoar esse ardor

Nas noites sem demasiado nada

Ele passa por ser o teu calor

Porque sentir

Deverá ser sempre um dom

E jamais uma maldição

Porque sentir

Passa por ser um prolongamento de um qualquer Deus

Sentir é sentir o espírito da primeira criação

É ser feliz

É ter consciência de uma forma de eternidade

Acordado

E não a dormir

Sentir

É a tua suprema luz

Quando todos te dizem

Que não há mais caminho para onde ires…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 24/10/2011
Código do texto: T3296010
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