Há um dia…
Em que acaba por chegar
E que pode durar apenas um segundo
Um dia em que rasgas convenções
Renegas uma parte de ti
E por arrasto a tua língua
Mandas à merda todo um elaborado sistema de entendimentos
Com que te rodearam
Porque não vêm em ti o óbvio
A tua clara cor do teu sorriso
O teu real lamento
Claros, bem claros
Sem sombra de um código escondido
De uma linguagem subliminar
E não arranjar demasiados artifícios
Para explicar o que é demasiado óbvio
Que sentes
Apenas isso
Sentes com uma invulgar intensidade
Sentes
Mas em vez de ser algo de belo
Vêm em ti nisso uma forma de insanidade…
Porque o dia acaba por chegar
E tu ao mesmo tempo sentes-te perdido
Mas ao mesmo tempo sentes-te ainda mais feliz
Porque percebeste a dimensão desse sentir
E apesar de te magoar esse ardor
Nas noites sem demasiado nada
Ele passa por ser o teu calor
Porque sentir
Deverá ser sempre um dom
E jamais uma maldição
Porque sentir
Passa por ser um prolongamento de um qualquer Deus
Sentir é sentir o espírito da primeira criação
É ser feliz
É ter consciência de uma forma de eternidade
Acordado
E não a dormir
Sentir
É a tua suprema luz
Quando todos te dizem
Que não há mais caminho para onde ires…