Para Luciano
Você se foi...
Não sei se para longe.
Mas, meu coração bate: você se foi.
Mesmo que não para sempre,
para sempre como éramos nós.
Sim, como nós embrulhados:
em amizades tantas;
em quereres tantos.
Sei que, “nunca mais”,
é um punhal de dor a ferir-me o peito.
Sei que eternamente
meu cigarro queima sua falta,
não há ninguém para sua cadeira,
nenhum olhar como o seu
para compreender minhas balinhas doces.
Não, não há mais, qualquer pessoa
nos momentos da dor irremediável
a devolver-me a alma,
(que muitas vezes nos queima o peito).
Você, não, não morreu...
Está cá, no mesmo continente;
no mesmo país; no mesmo estado.
Mas, está lá, onde não se mede distâncias.
Onde não posso mais lhe ver, brincar,
sorrir, jogar a vida pro alto,
pegá-la nas mãos e rebatermos bolas...
de todas as ilusões do mundo,
porque podíamos jurar ao outro,
tudo que fosse de melhor no mundo.
Você se foi...
Parece que se foi um grande amor de minha vida.
Não, não era desses amores que se ama,
em posse, em querer pegar, reter, possuir.
Era desses amores que se ama com asas,
amor pássaro, solto, voante.
Era desses amores que só quem teve um grande amigo assim
pode saber: como se fora um grande amor liberto de sensualidade,
no som coberto de nuvens e encantos.
Você se foi...
E nenhum outro dia
seremos como fôramos.
Talvez a lágrima que não cessa,
seja a chuva que busca um novo céu.
Mas, agora só dói em mim essa infinita expressão:
você se foi e as horas pararam no vazio.