Arnaldo

Na escola da escola encontrei

um professor que era além da escola,

o nome dele é Arnaldo, alto, alto, alto.

Por que não vejo, às vezes, esse homem Arnaldo?

Que lindo aquele professor briguento.

Melhor é nunca desperdiçar fala de aluno,

o maior engano, a maior gafe

ele aproveitava e com isso mestrava.

Hum! Hum! Brigamos por causa do gato e do rato

de Kafka: o gato domina o rato, ele dizia.

Eu retrucava: o rato pode aprender a driblar o gato,

nem sempre a imagem do forte sobressai, é a melhor.

Dois anos, deu-me ele para provar isso em Kafka.

Será que eu provei? Isso se apagou em minha memória.

Mas, ele um dia avisou-me num manuscrito:

“Pode me xingar nas madrugadas, porque eu quero

que aprenda o instrumental da língua por que a coisa

da literatura você já tem”. Em letras grafais e vermelhas.

Vermelho é meu tempo, meu digno amor de amar professor!

Meu tempo é de vermelho na roda gigante, no sorvete.

Meu tempo é vermelho de tamanha saudade e dor.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 08/09/2011
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