Arnaldo
Na escola da escola encontrei
um professor que era além da escola,
o nome dele é Arnaldo, alto, alto, alto.
Por que não vejo, às vezes, esse homem Arnaldo?
Que lindo aquele professor briguento.
Melhor é nunca desperdiçar fala de aluno,
o maior engano, a maior gafe
ele aproveitava e com isso mestrava.
Hum! Hum! Brigamos por causa do gato e do rato
de Kafka: o gato domina o rato, ele dizia.
Eu retrucava: o rato pode aprender a driblar o gato,
nem sempre a imagem do forte sobressai, é a melhor.
Dois anos, deu-me ele para provar isso em Kafka.
Será que eu provei? Isso se apagou em minha memória.
Mas, ele um dia avisou-me num manuscrito:
“Pode me xingar nas madrugadas, porque eu quero
que aprenda o instrumental da língua por que a coisa
da literatura você já tem”. Em letras grafais e vermelhas.
Vermelho é meu tempo, meu digno amor de amar professor!
Meu tempo é de vermelho na roda gigante, no sorvete.
Meu tempo é vermelho de tamanha saudade e dor.