A suprema perversão da eternidade…
Dás-me um conceito
Devolvo-te tal com uma visão de tal
Trocam-se então olhares desconfiados
Esquecendo os dois que esses dois são subjectivos
Pouco ou nada lineares
Porque a tua pronúncia é do norte
E a minha é do sul
As palavras são as mesmas
O entendimento passa por ser nulo
E defendemos até à morte aquela que julgamos ser a nossa verdade
Ignorando que com isso estamos a estabelecer
A suprema perversão da eternidade…
Há então um prenúncio de fim
Dialectos iguais
De forma demasiado terminal se estão a separar
E às tantas nem sequer falamos com pronúncias diferentes
Falamos outras línguas
Opostas
Que em tempo algum se irão entender e muito menos se reconciliar…
Envenenamento mental
Intoxicação derivada de ideias feitas
De preconceitos
Olhamos as diferenças que há entre nós
Não como algo de saudável
Mas como um execrável defeito…
Deixando-nos dominar pela nossa policia do pensamento
Muito mais severa do que qualquer outra
Porque contra as outras podemos resistir
Podemos lutar
Mas a que vem de nós
É a sentença que define o fim da imaginação
A rendição total
Pena de morte em vida
E tudo isto porque não me soubeste ouvir
Porque eu não te soube escutar
Porque demos ouvidos ao exterior
E não à interioridade
Estabelecendo com tal a nossa sentença:
A suprema perversão da eternidade…