Então deu-lhe para fazer poesia…

Não pela veia poética

Que estava longe de ter

Não por querer ser poeta

Ou meramente escritor

Havia mais gente com essa arte

Ele era apenas mais um assistente

Mais um leitor

Não por um qualquer momento de súbita inspiração

Não pela paixão no sentido clássico da questão

Não por uma questão de ego

Daquele tipo que de vez em quando aparece

E que só se satisfaz quando as Suas palavras ganham asas

Ou meramente o papel

Virtual ou real e assim são lidas

Por nada disso

Apenas porque as palavras em forma de poesia

Eram a sua suprema Salvação…

Porque lhe fazia impressão

Lhe causava uma espécie de fobia

Palavras presas nele

Palavras enclausuradas

Palavras de todo o tipo

Que o deixavam livre

Quando escrevia…Poesia…

Era de certa forma um papel digital

Ou químico

Palavras ditas já mil vezes

Não iria propriamente inventar a pólvora

Mas eram palavras novas

Porque eram as suas

Era a sua forma de se expressar

Era a sua forma

De fugir às trevas da falta de comunicação

Era a sua forma de se Libertar…

Era a maneira

O correcto sentido

De se revoltar

Contra o sangue que corria no Islão

De desmontar a conspiração

Das bolsas de um mundo

Que por causa de meia dúzia

Obrigavam o resto do mundo

A estar em permanente e mortal convulsão…

Era a sua forma de explanar o amor

De o lançar numa garrafa para o mar

Mensagem talvez vã

Que um dia

Nem que fosse dai a mil anos

A iriam descobrir

Ler

E de forma correcta interpretar

Era a sua forma

De transformar numa irrisória eternidade

Aquilo que um sábio dos tempos antigos

Definiu como

Amizade

Era a sua forma de sorrir

Quando as lágrimas o ameaçavam sufocar

Era a sua forma

De em silêncio

Sem que ninguém o ouvisse

De Gritar

Era a sua forma

De os fantasmas que todos temos

Mas de que a custo nos livramos

O libertassem

Que olhando para as palavras internas que os faziam

Se esvaneciam

Quando vinham para a luz do dia

Não o poeta não é um grande fingidor

Pelo menos para ele

Porque de outra forma não percebia

Nem sentia

Uma das suas asas escondidas

A poesia…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 19/08/2011
Código do texto: T3168579
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.