Então deu-lhe para fazer poesia…
Não pela veia poética
Que estava longe de ter
Não por querer ser poeta
Ou meramente escritor
Havia mais gente com essa arte
Ele era apenas mais um assistente
Mais um leitor
Não por um qualquer momento de súbita inspiração
Não pela paixão no sentido clássico da questão
Não por uma questão de ego
Daquele tipo que de vez em quando aparece
E que só se satisfaz quando as Suas palavras ganham asas
Ou meramente o papel
Virtual ou real e assim são lidas
Por nada disso
Apenas porque as palavras em forma de poesia
Eram a sua suprema Salvação…
Porque lhe fazia impressão
Lhe causava uma espécie de fobia
Palavras presas nele
Palavras enclausuradas
Palavras de todo o tipo
Que o deixavam livre
Quando escrevia…Poesia…
Era de certa forma um papel digital
Ou químico
Palavras ditas já mil vezes
Não iria propriamente inventar a pólvora
Mas eram palavras novas
Porque eram as suas
Era a sua forma de se expressar
Era a sua forma
De fugir às trevas da falta de comunicação
Era a sua forma de se Libertar…
Era a maneira
O correcto sentido
De se revoltar
Contra o sangue que corria no Islão
De desmontar a conspiração
Das bolsas de um mundo
Que por causa de meia dúzia
Obrigavam o resto do mundo
A estar em permanente e mortal convulsão…
Era a sua forma de explanar o amor
De o lançar numa garrafa para o mar
Mensagem talvez vã
Que um dia
Nem que fosse dai a mil anos
A iriam descobrir
Ler
E de forma correcta interpretar
Era a sua forma
De transformar numa irrisória eternidade
Aquilo que um sábio dos tempos antigos
Definiu como
Amizade
Era a sua forma de sorrir
Quando as lágrimas o ameaçavam sufocar
Era a sua forma
De em silêncio
Sem que ninguém o ouvisse
De Gritar
Era a sua forma
De os fantasmas que todos temos
Mas de que a custo nos livramos
O libertassem
Que olhando para as palavras internas que os faziam
Se esvaneciam
Quando vinham para a luz do dia
Não o poeta não é um grande fingidor
Pelo menos para ele
Porque de outra forma não percebia
Nem sentia
Uma das suas asas escondidas
A poesia…