Sinestesias Sociais…

Uma sombra invade este lugar

A sombra de um sol

De uma noite perpétua

Que eu não quero que se vá apagar

Mas à noite sucede o dia

Com a sua claridade

E invade a insónia

De quem se recusa a dormir

Não por perturbação

Mas porque quer viver o máximo possível

Desejava viver uma eternidade…

E assim o sol desperta sobre nós

Depois dos vícios ou virtudes de uma noite

Os rostos e os corpos mudam

Sucedem os seus turnos

Oportunidade soberana

De sabermos se estamos ou não realmente sós…

E de repente essa mesma vida que se desejaria eterna

Parece em câmara lenta

Em película

De parca qualidade

Lenta porque a tal ausência voluntaria de sono

Confere no nosso corpo falível e volúvel

Uma espécie de caducidade

Mas nós continuamos

Iremos continuar

Roubando o tal sono

Porque só ele o podemos roubar

Para ao tal tempo que nos mata

Tentarmos enganar

E dou comigo

No meio da multidão

A confundir a tua inconfundível voz

Não sabendo às tantas distinguir de forma clara

Tantos sentidos

Tantas disfuncionalidades

Tantas faltas de bom senso

Tantas incoerências

Demasiadas injustiças

Em que às tantas não sabemos se vêm dos outros

Ou se afinal provêm de nós…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 18/08/2011
Código do texto: T3167332
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