Sinestesias Sociais…
Uma sombra invade este lugar
A sombra de um sol
De uma noite perpétua
Que eu não quero que se vá apagar
Mas à noite sucede o dia
Com a sua claridade
E invade a insónia
De quem se recusa a dormir
Não por perturbação
Mas porque quer viver o máximo possível
Desejava viver uma eternidade…
E assim o sol desperta sobre nós
Depois dos vícios ou virtudes de uma noite
Os rostos e os corpos mudam
Sucedem os seus turnos
Oportunidade soberana
De sabermos se estamos ou não realmente sós…
E de repente essa mesma vida que se desejaria eterna
Parece em câmara lenta
Em película
De parca qualidade
Lenta porque a tal ausência voluntaria de sono
Confere no nosso corpo falível e volúvel
Uma espécie de caducidade
Mas nós continuamos
Iremos continuar
Roubando o tal sono
Porque só ele o podemos roubar
Para ao tal tempo que nos mata
Tentarmos enganar
E dou comigo
No meio da multidão
A confundir a tua inconfundível voz
Não sabendo às tantas distinguir de forma clara
Tantos sentidos
Tantas disfuncionalidades
Tantas faltas de bom senso
Tantas incoerências
Demasiadas injustiças
Em que às tantas não sabemos se vêm dos outros
Ou se afinal provêm de nós…