Porque sopra (então) ao ouvido…?
Um pensamento tão claro
Que de tão cristalino
Se quer esquecido…?
O que pulsa nas veias
Num quase secreto
Segredo
Num decreto
Lei escrita na sensação
Mas da qual
Todo e qualquer ser tem medo…?
Sendo que nos ensinaram nestes tempos
De modernidade
Que nada dura muito
Nada fica
Para a eternidade…
Obrigando-nos a recriar
Uma e outra vez
Novos mitos
Novas lendas
Até uma nova realidade
Termos de criar…
E no entanto
O sol põe-se da mesma forma como no tempo dos nossos avós
As pessoas estão mais perto
Nem que seja pela suprema arte da tecnologia
E no entanto
As pessoas
A pessoa que há em nós
Realmente em nós
Nunca se sentiu tão só…
Porque sopra então ao ouvido
Essa vontade
Que já foi comum
Esse pensamento
Que em tempos foi colectivo
De se dizer o que se sente
E de viver nesse sentido
De se me apetecer
Assumir perante um mundo
Sem metáforas
Sem figuras de estilo
Sem disfarces
Sem linguagem codificada
Que quero estar contigo…?