Sol e Sol e Sol e Sol e Só Sol
Das bochechas rosadas
Que rodeiam a alegria como flores
Num jardim de cores onde perco
E perde-se qualquer um
Vemo-nos perdidos
Com as mãos cravadas numa terra
Onde nossas mãos enraízam
E querem ficar eternamente
Vão e inútil é o espaço
Entre te perder e te ganhar
Quero para sempre te ter
E nunca precisar recuperar
Mas tu és tão volátil
Talvez um charme, talvez provocação
Talvez seja verdade
Ou será somente a minha imaginação?
Das mãos que semeiam
Nossa pele com arrepios gotosos
Na tez que segue se salga a própria luz
Encho-te do que nos faz ver
E te cego com o que te conduz
Tal barragem, céu, vazão, foz
Desumano é o sagrado amor!
O mais lindo sentimento atroz
Não me sinto tão leve como antes
Onde me flutuava com tua voz
Me inspirando fundos de flores
Onde se perderam os antigos amores
Agora harmoniosa é a cura das dores
E teu afago me soa como aroma
E provocas o meu ciúme
Das franjinhas que a testa sombram
A cor delas é assim a minha cor
Morena a seda dos teus cabelos
Da tua franja a cor do meu amor
De provocação cabe-nos a intimidade
De quem não quer se render a o que acontece
O que fizemos hoje, depois sempre se esquece...
Sol que acalenta bravamente o meu corpo
E, ao mesmo passo, me traz disposição
De amar profundamente teu corpo
E afagar teu coração
Sol que me aquece a alma
Vê se tenta apagar o meu sorriso
Pois assim poderei disfarçar...
Por mim nada da mente desaparece
Nem das tuas declarações
Nem dos versos de Camões:
“...é o cuidar que se ganha em se perder...”
Perco-me em ti sem querer me achar
Pois só perdido assim irei me encontrar
Que em ti se perde, só há de ganhar.