Uma viagem pelo oriente em 1467
Na terra ocidental os mares calmos...
Em lugares enevoados pela brisa...
Cantando uma melodia no convés,
Estou aflito sem ti, que me fazia morada,
Desprazeroso de vida nobre em querer...
Lá, onde os navios de Társis vão navegados...
Estaleiros inteiros sobre o mar de rosas...
Aquelas lindas navegações sobrepujantes...
Vencendo geleiras e árticos nebulosos...
Defronte icebergs maciços com fortes ventos...
Onde voam pássaros e gaivotas lindas pelo ar,
A maresia que se ouve das praias remotas...
Por isso, um verso sobre águas azuis...
Em que o raio de sol ilumina o olhar das damas...
Estilos góticos vendo na escuridão da noite,
Estrelas longínquas sorridentes com clamores,
Cintilantes pontos cardeais, orientando a caminhada,
Em que sonhos extasiantes e cheios de delírio,
Pela consternação de dias vindouros prometidos...
Estilo de uma pessoa da nobreza, caminhante das marés,
Jeito próprio da mulher que se envolve em sete véus,
O céu já voltara a clarear, depois da primeira noite em mar aberto...
Partimos em 19 de junho de 1467, numa noite árida, sem ventos fortes,
Sem destino, rumo ao oriente qualquer, em direção ao leste sul desta terra,
Singrando num oceano de cores fortes e invernais,
Avistando logo pequenas ilhas pelo horizonte,
Ainda era parte da partida, vindo em encontro de idiomas nativos,
Flores na paisagem verdejante, altas copas de verdes intensos,
As ondas criando vagas na praia, brancos espumantes,
Respirando ar de um verão acalorado, ouvindo sons diversos,
Incluindo a sinfonia da natureza, e sons de instrumentos de cordas,
Pelo centro do navio havia gente alegre, querendo demais conhecer,
Saber de novos temas para suas artes, seus comércios, suas ideias,
Um gesto bem característico de todos já presentes,
A ansiedade de encontrar uma nova pepita de ouro,
Seja ela comercial, ou seja de amante de artes,
Ou seja apenas uma aventura em ambientes diferentes,
A China, tão distante, já chegada de desejo de vislumbrar...
Olhando acima o universo, de que é feito tamanha esplendorosidade?
Algo magnífico na solidão do oceano olhar constelações ao alto,
Na negritude de um espa;o ainda mais distante, mais longe,
Morosidade de quem anseia conhecer e desbravar novos mundos,
Imaginação de quem tem tempo de apenas cogitar na mente
Algo que os antigos não conheciam e apenas dialogavam em debates,
Coisas infindáveis demais para pobres mortais como nós,
Tenro como tal, meu pensamento andava lento,
Nas rajadas de vento, nas incertezas do tempo,
Vendo que atr[as das cortinas havia coberturas,
Que dentro das luzes ofuscantes, algumas vezes
Nem a fome fazia perversa entre os gemidos de querer,
Pois na maresia e nas ondulações tinha-se certo enjoo,
Provocando náuseas sem fim apesar de laranjas serem boas,
E hortaliças fazerem parte de um cardápio rotineiro...
Depois de dias mar adentro passamos pelo sua do continente mais ao sul,
África ficando para trás, a lua imensa no céu, clareando o rumo do barco,
Frota inteira caminhante em prumo oeste, nada de dizer de anseios de volta,
Mal esperando a hora de descer em orientais terras almejadas,
E mais semanas em mar profundo, já passadas tempestades e ventanias,
Que quase sempre impunha pânico na tripulação,
Morrendo de medo de ficar a deriva, perto de uma ilha,
Este lindo hemisfério sul tem uma divisa de oceano a oceano,
E qual o sentido da separação entre água e águas...
Enfim, um licor para dormir mais calmo, depois de tanta agitação,
Euforia de quem viaja pela primeira vez num vasto oceano sem fim...
Dormindo, dormindo, em uma cama feita de madeira, e panos para sossegar os ossos,
Acalmando receios de não chegar na mirada objetiva de caminhantes de águas...
O escudo de quem viaja é a oração, quem pede a Deus o seu querer,
De vir a contar sua história algum dia, a algum parente, algum filho ou neto,
De que vicejou os olhos a vislumbrar paisagens formidáveis, de que nada foi
Registrado, que com o tempo, só nas lembranças de marujo, ao redor do mundo,
Pintando um quadro na mente, de que as cores se juntavam a formas coloridas,
Que jamais poderiam ser repassadas exatamente por quem quer que fosse viajante...
Depois de vários meses singrando em alto-mar, chegamos a um porto oriental,
Ainda sabíamos que não era a China das sedas ainda, mas eram gentes semelhantes,
Não soubemos conversar, exceto com gestos, e compramos mercadorias,
Por um sistema de trocas de objetos, e eles se convinham com espelhos e achavam belos...
Recordo-me que quando este item faltou, tivemos mais dificuldades em adquirir por meio de substituição de mercadorias...
Lá, íamos novamente em oceanos gigantes, azul-marinho em frente, novas luas novas,
Luas cheias, e estrelas na noite, inspirando canções diversas, a quem cantava
Pela amada deixada a milhas e milhas distante, em terra natal,
Ou pelo império de sua família, que adquiria tesouros pelas longas viagens,
Um jugo de que o marinheiro levava a farta mesa dos dignitários,
Nada científico ou almejado por sombras sulinas,
Dando a metade das jóias adquiridas em comércios longínquos...
Certíssima esperança na tenra idade muito trivial...
Querendo juventude expor a velhice do poder juvenil impetuoso...
Linda China, terra oriental finalmente tem chegada...
Terra da seda e de muitas jóias dos mares, de viajantes continentais,
A majestade das mercadorias, dos produtos de ouros,
De prata, que viajantes turcomanos, vieram tantas vezes,
Intermediar o comércio entre gente que se fez famosa,
De onde veio o prato predileto de senhora condessa de Conti...
Mil façanhas foram elevadas nas ondas de fôlego em fôlego...
Ar em ar, desvairando trilhas nada de vestígios arranhados pelas águas,
Nem deixarão restos de madeiras escassas ou de subsídios infames,
E justamente hoje, deu-me um descuido de preguiça e voltei atrás no que diziam
As donzelas de vermelho, com leques coloridos,
Recebendo os estrangeiros, com palavras doces, gestos de gentilezas,
Vendo as figuras de trajes diferentes e feições diversas...
(Continua)