Reflexões Sazonais…
Deve ser do tempo
Ou de uma madrugada
Um demora demasiado pouco a passar
A outra arrasta-se dentro da directa
Prolonga-se para além dela
Torna a insónia um estado perpétuo
Ao qual não consigo
Nem francamente quero escapar
Acendendo mais um cigarro
Para os pensamentos e as memórias que ambos
Me fazem evocar
De uma forma ou de outra
No fumo desse cigarro poder dissipar…
E tento ficar em silêncio
Porque nestes momentos
Todo e qualquer estímulo podem ser um activador
Onde o agradável dessas memórias desaparece
Para no seu lugar ficar a dor…
E tudo é tão estúpido
Tudo é tão absurdo
Tão doentio
As recordações servem não para sofrer
Mas para nos lembrar
Que tudo na vida possui uma benéfica lógica
Um jovial sentido…
E assim me levanto
De frente do Grande Ecrã
De frente do balcão
Saiu para a rua
Para tentar viver novos momentos
Que com o tempo
Se irão transformar
Noutra qualquer recordação…
Deixo a prisão das pessoas que passaram
E que não ficaram
Deixo os amores
Que algures lá atrás
Representaram o caminho
Aquilo que agora
Me trás por cá…
Fechando então
A sete chaves
As palavras que foram ditas
As imagens captadas
Que de francamente nada me servem
Se me deixar arrastar pelos caminhos da saudade
Que dilacera
Em vez de fazer sorrir
Amei esses amores
Amei essas pessoas
Mas o mesmo tempo que amaldiçoo-o de forma recorrente
Esse tempo
Essas pessoas
Esses amores
Foram belas
Serão belas
Nesse tempo
Mas não hoje
Nem amanhã
Não no momento presente…
Ficando o alivio
Das palavras que nunca cheguei a dizer
Do que prometi
Mas que deixei por fazer
Resta-me a consolação
Que estimei
Que amei
De forma incondicional
Mas que se calhar terei vivido
Por ventura um pouco demais
Projectando a absolvição tardia
Em meras palavras actuais
Que essas pessoas nunca irão ler
Outras sim, mas elas não
Embora sejam para todas estas
Reflexões Sazonais…