Reflexões Sazonais…

Deve ser do tempo

Ou de uma madrugada

Um demora demasiado pouco a passar

A outra arrasta-se dentro da directa

Prolonga-se para além dela

Torna a insónia um estado perpétuo

Ao qual não consigo

Nem francamente quero escapar

Acendendo mais um cigarro

Para os pensamentos e as memórias que ambos

Me fazem evocar

De uma forma ou de outra

No fumo desse cigarro poder dissipar…

E tento ficar em silêncio

Porque nestes momentos

Todo e qualquer estímulo podem ser um activador

Onde o agradável dessas memórias desaparece

Para no seu lugar ficar a dor…

E tudo é tão estúpido

Tudo é tão absurdo

Tão doentio

As recordações servem não para sofrer

Mas para nos lembrar

Que tudo na vida possui uma benéfica lógica

Um jovial sentido…

E assim me levanto

De frente do Grande Ecrã

De frente do balcão

Saiu para a rua

Para tentar viver novos momentos

Que com o tempo

Se irão transformar

Noutra qualquer recordação…

Deixo a prisão das pessoas que passaram

E que não ficaram

Deixo os amores

Que algures lá atrás

Representaram o caminho

Aquilo que agora

Me trás por cá…

Fechando então

A sete chaves

As palavras que foram ditas

As imagens captadas

Que de francamente nada me servem

Se me deixar arrastar pelos caminhos da saudade

Que dilacera

Em vez de fazer sorrir

Amei esses amores

Amei essas pessoas

Mas o mesmo tempo que amaldiçoo-o de forma recorrente

Esse tempo

Essas pessoas

Esses amores

Foram belas

Serão belas

Nesse tempo

Mas não hoje

Nem amanhã

Não no momento presente…

Ficando o alivio

Das palavras que nunca cheguei a dizer

Do que prometi

Mas que deixei por fazer

Resta-me a consolação

Que estimei

Que amei

De forma incondicional

Mas que se calhar terei vivido

Por ventura um pouco demais

Projectando a absolvição tardia

Em meras palavras actuais

Que essas pessoas nunca irão ler

Outras sim, mas elas não

Embora sejam para todas estas

Reflexões Sazonais…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/07/2011
Código do texto: T3113601
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