O LIVRO DE W.R.D.
Passo por passo,
passeio à luz vespertina.
Tarde com brilho de fruta madura
no ponto de ser colhida como fruto suculento.
É minha a tarde.
Envolvido por edificações, algumas como rebentos e outras já tardias
exalando velharias, ali estava a banca de velhos livros,
livros à espera de novos donos para instruir e entreter novos leitores.
Na prateleira os meus olhos se detiveram sobre um conservado
Manual didático (não só por estar acostumado com eles).
Livro de minha adolescência que serviu para meu estudo
e decisão de professor daquela disciplina.
Não resisto.
Compro por bagatela.
Entre suas páginas sinto o perfume de minha juventude.
Na contracapa acho o nome de seu antigo proprietário.
Ele me parece familiar.
Teria sido alguém de minha turma do ginasial?
Puxo o fio da memória.
Nada visualizo na viagem temporal.
O nome continua me perturbando.
De quem é o substantivo próprio?
Leio o nome.
Passeio pelo sobrenome.
Nada.
Só o pronome:
ele não me é estranho
ele não é tão estrangeiro
e por estar aqui não é engenheiro.
A informação chega.
O antigo proprietário é irmão de um amigo meu.
Nunca, na verdade o vi.
Só informação de sua pessoa.
Ali o conheci em páginas através de sua letra em exercícios feitos.
Obliquamente pronominal lhe agradeço:
Obrigado Willian R. D.
por ter conservado um pedaço de meu tempo de moço
para este instante sublime.
Formalizo.
Vivi neste breve momento tua singular amizade.
L. L. Bcena, MARÇO DE 2011.
POEMA 334 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.