Minha amiga Narlei disse que sai pouco.
Afirmou que, por isso, é cobrada,
Ligeiramente julgada...
Fiquei felicíssimo com essa constatação,
Pois prova a nossa interestelar identificação.
Também saio pouco e por louco sou qualificado.
Quando vou pra rua, não vejo o momento de retornar,
À magia incandescente de meu lar.
Onde não uso roupa,
Com os cachorros, rolo no chão...
Através dos sabiás, decodifico a vastidão.
E canto, exatamente, para manter a vida, boa!
Aflijo-me, observando o que as pessoas,
Exceto as loucas,
Fazem com as suas existências,
Totalmente fragilizadas,
Banalizadas...
Focadas no inútil,
No fútil!
Na ilusão
De uma malfadada ascensão social!
Afastam-se, exatamente, do essencial...
Acreditam que podem calar suas consciências,
Distraindo-se com tolos confrontos,
Em busca de falso conforto.
Pensam que assim obterão alguma segurança.
Sabotaram suas esperanças.
Capitalista danação.
Se for pra sair, prefiro me dirigir à natureza,
Com sua precisão e beleza!
Ao mar...
Com seu fantástico marulhar!
À montanha,
À mata, com sua intensidade tamanha.
O único desenho aceitável de coerência,
Graças à sua incomensurável latência!
Prefiro interagir com o reino animal,
Do que em roda social!
Sou bicho do mato, caipira, caiçara assumido!
Não me permito mais iludido.
Sei que não sou o primeiro.
Quem me dera ter sido o pioneiro,
A se rebelar...
A transformar a rebelião em poesia,
Em nome da próxima harmonia,
Que está a se materializar.
Narlei, como eu, construiu seu mundo,
Onde a sua afeição
Pode fluir melhor,
A favor do maior.
Qualquer aberto coração
Pode entrar,
Mas, ela, assim como eu, não pode sair,
Por muito tempo...
É enorme o sentimento,
Que tem que gerir,
Para poder esparramar!
...Seu amar, é por demais, profundo!
Dedico essa criação a todos os
Bichos do mato!
A todos os praieiros,
Caipiras,
Caboclos, caiçaras...
A todos os caseiros!
Vídeo maravilhoso
“Diabo a Quatro
Ney Matogrosso
http://www.youtube.com/watch?v=wz_k6_vfZ9c&feature=fvwrel