POEMAS DA AMIGA

A tarde se deitava nos meus olhos

E a fuga da hora me entregava abril,

Um sabor familiar de até logo criava

Um ar, e, não sei porque, te percebi.

Voltei-me em flor. Mas era apenas tua lembrança.

Estavas longe doce amiga e só vi no perfil da cidade

O arcanjo forte do arranha-céu cor de rosa,

Mexendo asas azuis dentro da tarde.

Quando eu morrer quero ficar,

Não contem aos meus amigos,

Sepultado em minha cidade,

Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,

No Paissandu deixem meu sexo,

Na Lopes Chaves a cabeça

Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem

O meu coração paulistano:

Um coração vivo e um defunto

Bem j untos.

Escondam no Correio o ouvido

Direito, o esquerdo nos Telégrafos,

Quero saber da vida alheia

Sereia.

O nariz guardem nos rosais,

A língua no alto do Ipiranga

Para cantar a liberdade.

Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá

Assistirão ao que há de vir,

O joelho na Universidade,

Saudade...

As mãos atirem por aí,

Que desvivam como viveram,

As tripas atirem pró Diabo,

Que o espírito será de Deus.

Adeus.

ISABELLAALENCAR
Enviado por ISABELLAALENCAR em 17/05/2011
Código do texto: T2975549
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