Sentindo Tocando sem ninguém ver as Teias em que se constrói o Tempo…
Ele passa por nós
Sem quase o notarmos
E sem de facto o podermos deter
O podermos parar
Embora tenhamos o dom esquecido
De um segundo
Pelo menos um segundo
Para sempre conservar…
Sem qualquer tipo de amargura
Sem dores
Sem um lamento
Fazendo dele um aliado
E não um inimigo
Sim
Estou a falar do tempo…
Não do tempo que condiciona as colheitas
A ordenação das nossas cidades
Demasiado grandes para se poder nelas realmente viver
Eu falo daquele Tempo
Que o homem prendeu num relógio
E que mede em minutos
Horas
Dias
E por ai fora
Esquecendo que o tempo
Como era passado
Nos tempos ancestrais
Era aquela que tinha uma real
E muito válida magia…
Porque nesse tempo
Víamos este a passar
Nos rostos de quem amamos
Onde mais uma ruga
Mais um cabelo branco
Era algo de muito belo
E não
Como hoje
Que a sociedade na sua busca
Pela impossível eterna juventude
Teima em ostracizar…
Do tempo medido
No ritual das colheitas
Das neves que viam a elas suceder
O calor do verão
Um tempo sem tempo
Que nos fazia perder docemente
Na sua imensidão…
E sabendo pois que é inevitável envelhecer
Olho este tempo com sabedoria
Como mais um caminho
Para continuar a Aprender
A Crescer
Medindo pois o Tempo
Como os antigos
Os segundos são dias
Quando não estás comigo
Os dias são horas
Quando dou comigo a escrever
Esperando que o que faço
Nunca
Nunca possa acabar
Sendo que quando esse fim se aproxima
Tenho sempre mais uma ideia
Para essa escrita não se esgotar
Porque de facto quando escrevo
Sinto que o tempo estou a enganar
Vivendo com Ele sempre presente
Com Ele sempre contado
Mas aprendendo a fazer Dele
O tal Aliado
Resumindo tal a uma frase feita…:
Sentindo Tocando sem ninguém ver as Teias em que se constrói o Tempo…