Sentindo Tocando sem ninguém ver as Teias em que se constrói o Tempo…

Ele passa por nós

Sem quase o notarmos

E sem de facto o podermos deter

O podermos parar

Embora tenhamos o dom esquecido

De um segundo

Pelo menos um segundo

Para sempre conservar…

Sem qualquer tipo de amargura

Sem dores

Sem um lamento

Fazendo dele um aliado

E não um inimigo

Sim

Estou a falar do tempo…

Não do tempo que condiciona as colheitas

A ordenação das nossas cidades

Demasiado grandes para se poder nelas realmente viver

Eu falo daquele Tempo

Que o homem prendeu num relógio

E que mede em minutos

Horas

Dias

E por ai fora

Esquecendo que o tempo

Como era passado

Nos tempos ancestrais

Era aquela que tinha uma real

E muito válida magia…

Porque nesse tempo

Víamos este a passar

Nos rostos de quem amamos

Onde mais uma ruga

Mais um cabelo branco

Era algo de muito belo

E não

Como hoje

Que a sociedade na sua busca

Pela impossível eterna juventude

Teima em ostracizar…

Do tempo medido

No ritual das colheitas

Das neves que viam a elas suceder

O calor do verão

Um tempo sem tempo

Que nos fazia perder docemente

Na sua imensidão…

E sabendo pois que é inevitável envelhecer

Olho este tempo com sabedoria

Como mais um caminho

Para continuar a Aprender

A Crescer

Medindo pois o Tempo

Como os antigos

Os segundos são dias

Quando não estás comigo

Os dias são horas

Quando dou comigo a escrever

Esperando que o que faço

Nunca

Nunca possa acabar

Sendo que quando esse fim se aproxima

Tenho sempre mais uma ideia

Para essa escrita não se esgotar

Porque de facto quando escrevo

Sinto que o tempo estou a enganar

Vivendo com Ele sempre presente

Com Ele sempre contado

Mas aprendendo a fazer Dele

O tal Aliado

Resumindo tal a uma frase feita…:

Sentindo Tocando sem ninguém ver as Teias em que se constrói o Tempo…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 12/05/2011
Código do texto: T2965685
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