HÁ CERTAS ALTURAS

Em parte para Ti querida amiga, pelas palavras que nunca chegamos a dizer

HÁ CERTAS ALTURAS

Em que me sinto iluminado

Há outras

Em que o Príncipe Negro

Assume o meu papel

Para o qual nunca foi designado

Há certas alturas

Em que devemos estar sozinhos

Em silêncio

Há outras

Em que me apetece falar

E viver

E nisso nem sequer penso

Há certas alturas

Em que gosto imenso de ti

E que me sinto abandonado

Há outras

Em que penso em coisas que me fizeste sem querer

Fico ferido

E não sei bem se te quero a meu lado

Há certas alturas

Em que não sei se me levas a sério

Nos teus jogos de silêncio

Por penas pelas quais me penitencio

Mas tudo tem um limite

E mesmo quando dizes que não jogas

Jogas com o meu ser

E provocas-me

Um insustentável vazio

Há certas alturas

Nas quais me dizes

E quase berras

Estar farta de mim

Sendo talvez só

A amizade

Que não coloca em nós um fim

Porque as tuas palavras ferem

Como não queiras imaginar

E eu calo-me por culpa

E porque a minha resposta te poderia magoar

Há certas alturas

Em que conto a imensidão

Pelos segundos que faltam

Até voltar a abrir a boca

Há outras

Em que penso

Que só me houve ou escuta

Quem é gente louca

Porque o que digo

Parece não ter sentido

No que faço

Há quem veja um mar de disparates

Mas nunca pensam realmente

Quem eu sou

E o que no meu interior algo arde

Pois sou menor

Mesmo quando maior

Sou um patinho feio

Mesmo quando não há termo de comparação

Isso irrita-me supremamente

E é por isso

Que em demasiadas alturas

Gostava de estar rodeado dos que me amam

Conhecem

Ou desconhecem

Mas na mais profunda solidão

Há certas alturas