AMIGAS
Amigas, são elas maravilhosas,
Do meu seleto jardim fraternal
Quão valor, quão preciosas
São essas raras brisas outonal.
E no imo mais desmedido
Cujo o coração sem tamanho
Passa o tempo, não é esquecido,
Volta a ovelha ao seu rebanho.
Amigos repousam a cabeça no seio,
Mais que uma mulher que eu amei
Um dia ela esvai-se sem rodeio,
Mas amigos não vão, nem deixarei.
Eu te admiro muito, querida Cris,
Igualmente, querida Suelene,
Nossa amizade, o destino quis,
Nós temos um pacto solene.
E se espero, a aurora tarda,
Se o dia aguarda o sol preguiçoso,
O verde das árvores, ostensiva farda
É mais vívido e mimoso.
Assim a amizade sincera e pura
De três almas gêmeas, rumoreja,
Que não teme adversidade futura
Nem as más línguas da inveja.
Se deitados estamos unidos
À mesa, o comer mais satisfaz,
A saudade de estarmos sumidos,
O reencontro de novo nos traz .
Não queira, D´us, a separação
Pois verdadeiros amigos, na alvura,
Jamais, nunca esquecidos, ficarão,
Nem quando amantar fria a sepultura.
(JORÃO BENTO)