DESCULPA, CORAÇÃO DE BORBOLETA

E eu aqui,

Príncipe Negro no meu palácio de Gelo

Sinto a tua ausência

O teu desvelo

Desculpa, Coração de Borboleta

Leio e releio

O livro

Das recordações comuns

E sublinhado a vermelho

As dores

Que em ti te pus

Lembranças

De velhas

E novas tempestades

Em que ficaste sempre a meu lado

E embora esses ventos estejam mais calmos

Sei

Que voltaram em ti

Para te levar para outro lado

Onde não te vejo

Não te leio

Apenas te posso pensar sentir

Flor desfolhada por esse vento

Vento que me faz perdido

Sem sitio por onde ir

E o peso do que fiz

Me esmaga

Desse copo do qual bebi

Mas que enchi de mágoas

E de demasiadas atenções

Que te afogaram

Para de mim

Se calhar não quereres

Mais do que uma

Ou várias distantes recordações

E por isso

Voltei do meu exílio

Literário

E pessoal

De flor de alma na mão

E a velha mas sempre presente expressão

“Como tu nunca vi nada igual”

Porque há um frio

Terrível

Que vem de qualquer lado

E que me deixa

Enregelado

Frio do espaço em falta

Por não te sentir a meu lado

Porque as palavras

Sei que as leva o vento

E assim espero

Que as levem até ti

Sono conturbado

Por me sentir abandonado

E

Enquanto na sombra

Do que sou

E do que fiz

Te preparo novas e belas surpresas

Só peço

Que me desculpes

Doce amiga

Divina Princesa

Porque os dias

Claro que existem sem a tua presença

Mas esse vazio

É ferida

Que dificilmente se aguenta

E por isso

Hoje o Príncipe Negro

Saiu

Do seu Palácio

E foi até

O teu Jardim Encantado

Com as mãos preenchidas

Pelas duas coisas mais queridas:

Numa a flor da amizade

Noutra

O Anjo que me ensinas-te a ser

Pois sem ti

A lua não brilha

O sol é escuro

O sorriso tarda em aparecer nos meus lábios

E retarda

O beijo de amizade que hoje te dou

À espera que me perdoes

Que sintas que eu valho a pena

Pois o meu carinho por ti Rainha

Não é uma esperança

É uma certeza

Levo também num bolso

Uma bela

Tão bela como tu

Semente

Que

À tua revelia

Plantei no teu Jardim

É a semente

Da minha alma

Do meu coração

Que espero brotar nos teus domínios

E assim

Obter o teu perdão

E por agora

Me despeço

Vou voltar ao Palácio

Ao exílio

Vou voltar

A querer de novo sonhar

Com o sonho

Onde tu e eu

Novamente

Nos possamos voltar a dar

Enquanto bate de esperança

O tal coração de poeta

Que com lágrimas de esperança cristalina

Regam a semente

E enquanto caem fazem um som lúgubre:

Desculpa, Coração de Borboleta