Uma Lágrima pelo Império das casas de papel…
Há um mal
Mortal
Que não tem cor
Cheiro
Ou identidade
Mas tem um nome
Que esconde a sua total fealdade:
Radioactividade…
E no Império
Das mulheres caladas
Das casas de papel
De um povo que obedece
Para além do seu instinto de sobrevivência
Um povo que provou
O sabor do novo cogumelo
Que viu
Pela primeira vez
Há demasiado pouco tempo
O primeiro
Sol Negro…
Um povo que admiro
Sem o compreender
Um povo que estimo
Pela forma de estar
Pela forma de ser…
Um povo
Que parece amaldiçoado
Pelo átomo
Parece perseguido
Por esta espécie de maldição
Que não é de tempos antigos
É o espelho da modernidade
Cujo nome se resume a uma palavra seca
Apenas uma palavra
Radioactividade…
Ou como pode ser perigoso
Quando se tenta brincar aos Deuses
Sem dominar
A sua essência
Como se pode matar
Quando
Se une a economia cega
À surda ciência…
E por isso
Enquanto o mundo está numa suprema efervescência
Sem tempo para nada
Dei comigo a chorar
Em silêncio
Pelas vidas que se perdem
E que se irão perder
Nos próximos imensos anos
Sem ninguém sentir
Sem ninguém ver
Porque eu não esqueço o que se passa
Nem o que se irá passar
Não deixo que se esqueça
Esse sabor que me invade os lábios
Com sabor a fel
Enquanto deito e deitarei
Uma Lágrima pelo Império das casas de papel…