Uma Lágrima pelo Império das casas de papel…

Há um mal

Mortal

Que não tem cor

Cheiro

Ou identidade

Mas tem um nome

Que esconde a sua total fealdade:

Radioactividade…

E no Império

Das mulheres caladas

Das casas de papel

De um povo que obedece

Para além do seu instinto de sobrevivência

Um povo que provou

O sabor do novo cogumelo

Que viu

Pela primeira vez

Há demasiado pouco tempo

O primeiro

Sol Negro…

Um povo que admiro

Sem o compreender

Um povo que estimo

Pela forma de estar

Pela forma de ser…

Um povo

Que parece amaldiçoado

Pelo átomo

Parece perseguido

Por esta espécie de maldição

Que não é de tempos antigos

É o espelho da modernidade

Cujo nome se resume a uma palavra seca

Apenas uma palavra

Radioactividade…

Ou como pode ser perigoso

Quando se tenta brincar aos Deuses

Sem dominar

A sua essência

Como se pode matar

Quando

Se une a economia cega

À surda ciência…

E por isso

Enquanto o mundo está numa suprema efervescência

Sem tempo para nada

Dei comigo a chorar

Em silêncio

Pelas vidas que se perdem

E que se irão perder

Nos próximos imensos anos

Sem ninguém sentir

Sem ninguém ver

Porque eu não esqueço o que se passa

Nem o que se irá passar

Não deixo que se esqueça

Esse sabor que me invade os lábios

Com sabor a fel

Enquanto deito e deitarei

Uma Lágrima pelo Império das casas de papel…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 16/03/2011
Código do texto: T2851984
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