Arame Farpado…

Assobiam tempestades

De epilogo desconhecido

Mas não me sinto só

Pois sei que te tenho a meu lado

Os punhos cerram-se

O olhar crispa-se

Estamos bem no meio de

Arame Farpado…

Queremos ir buscar os nossos filhos à creche

Mas somos impedidos de tal

Porque entre nós e eles

Alguém colocou algumas minas terrestres…

A liberdade mede-se pela distância

Entre o nosso mundo e o deserto

Povos iguais a nós

Que sofrem e morrem sem que ninguém os ouça

Ninguém vá em seu socorro

E deles sinto-me tão desesperadamente longe

E ao mesmo tempo tão saudavelmente perto…

Digo-te para teres fé

Alimento o teu desespero

Com sonhos de uma revolução

Eternamente adiada

Por uma sociedade

Que poderia ver nela

A sua salvação

Mas que recusa tal

Por ter um medo terrível

Dessa palavra

Que de forma dicotómica

É pesadelo para uns poucos

E para a maioria

Uma bênção…

E assim temos a mente ferida

Por esse metal afiado

Temos a carne dilacerada

Porque alguém levou tal de forma literal

E colocou nas nossas ruas

O espelho visível da divisão

À qual me sinto condenado

E eu não consigo sequer ir ao mercado

Porque tudo está coberto por

Arame Farpado…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 11/03/2011
Código do texto: T2840990
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.