Uma granada com sabor a maçã…
Enquanto os líderes do mundo
Se entretêm com jogos florais
Novas ditaduras
Saídas das democracias
O admirável mundo novo do amanhã
Algures no deserto
Esquecido
Uma criança colhe
Uma granada com sabor a maçã…
Porque a sagrada terra do deserto
Não o é pelas pessoas
E muito menos pela religião
É fértil
Porque possui o petróleo
Que faz voar
O avião
Que devia bombardear
Tiranos impostos pelo mesmo ocidente
Que faz andar os tanques
Que esmagam
Qualquer sombra de revolução
E assim todos nos benzemos
E fazemos
O nosso supremo acto de contrição
Esperando que a revolta
Que começou na grande rede
Não nos venha bater à porta
E fazemos “ámen”
E damos a este pensamento
Uma espécie de bênção
Ignorando ou não querendo ver
Que aquela criança que brinca com uma granada
Como as nossas brincam
Com o que realmente lhes interessa e deve interessar
Sem pensar
Que a criança do deserto
É afinal igual às nossas
Que está tão longe
Demasiado longe
Mas devia estar bem perto…