O Povo do Deserto…
Colhe maçãs
De um campo minado
Ao lado
De um tanque abandonado
Não vê a politica violenta
De um qualquer noticiário
Distante
Que passe
Numa qualquer televisão
O mundo que vemos cheio de sangue
Chega-nos
Através
Da sua própria visão
Porque são mortos?
Porque tiveram essa ideia estúpida
De querer a liberdade
De não quererem morrer à fome
De estarem fartos de guerras
De estarem fartos
Que outros pensem
Pelas suas cabeças
São ecos de uma realidade
De uma espécie de revolução
Que vai aqui chegar
Enquanto apenas fazemos contas
Esquecendo que o que está em causa
São os fundamentos
Da nossa comum civilização
Porque os nossos donos
Pela via
Da suprema eleição
Julgam-se eleitos
Dos nossos destinos
Autistas tecnocratas
Vão-se afogar
No meio da sua ilusão
Porque a palavra
Que tanto temem
Vai cá chegar
Através
Do sacrifício
Do esquecido povo do deserto
Que nos dias de hoje
Luta também pelo nosso próprio futuro
Porque o futuro
Ao contrário
Do que nos querem convencer
É algo
Que não está fechado
Está aberto
Poema de liberdade
Cantado nas ruas do médio oriente
Pelos corpos fulminados
Do
Povo do Deserto…