Ternuras Cadentes
Ternuras cadentes de absolvição
Que envolvem acordes flamejantes
De um beija-flor que embala no bico
O gosto suave do amor passado
A agonia do que já não existe
Olhares que se dissipam na imensidão
Onde em tempos alguém perdeu
A bússola do coração, que arrasa a razão
Lacunas que levantam muralhas
Sem nexo e sem rumo não fosse o presente
A maior realidade do passado já gasto
Que não traz de volta a presença
E que apenas afasta a amizade
Caricias que o vento aparta em doces penas
Vividas e sentidas pelo abandono
De quem acumula literatura numa estante
A escrivaninha da alma nostálgica
Absorvida por borboletas de suave encanto
Abençoada pelas asas dos anjos
Que amparam no seu regaço
O imenso que envolve o espirito
Sorrisos que embalam o vento
E numa fuga desesperada se libertam
Da boca que deseja ouvir o suspiro
A musicalidade de um velho sonho
Ou a magia de uma recente ilusão
Ao compasso de uma canção
Resplandecente de recordações
Sintonia de odores e sabores
Que marcham para além da luz
Momentos que sobrevoam o mar
E num sem fim de sentimentos
Extravasam as dores de um ego
Amachucado mas vivo
Esperançoso de presente e futuro
Ave sem asas em busca de brisa
Capaz de criar coragem para sem elas
Voar ao nascer do dia