Quando Pensamos…
Que ninguém nos esta a ver
Aquilo que não queremos
Que se possa observar
Lágrimas por alguém que morreu
Ou que pura e simplesmente
Nunca mais irá voltar…
Se tivermos um momento de lucidez
Na dor que nos corrói
Saberemos que alguém
Nota como estamos
Apesar de não intervir
Por respeito do silêncio
O nosso
O dela
Pois há determinadas dores que devem ser vividas a sós
Iremos sem dúvida renascer
Depois dessa abominável destruição
Mas para as cinzas se tornarem em vida
Precisamos
Desses momentos de demente solidão…
E quando Pensamos
Que somos únicos na nossa diferença
Que apesar de haver outras pessoas
Alteradas
Mesmo antes da nascença
Somos os únicos na nossa espécie
E por isso
Espécie em vias de extinção
Fim absoluto
Quando os nossos braços se abrirem
À luz pura
Da indefinição
Aos caminhos
Até ao Invisível
Que se abrirão na nossa derradeira madrugada
Sós nascemos
Sós iremos morrer
Pensamento absoluto
Que faz parte
Da nossa forma de ser…
Mas como estamos errados
Um ser
Nunca é
Nem nunca será
Uma ilha perdida
Uma gota de água no meio do deserto
Temos sempre alguém
Que está comigo
Que está contigo
Temos
E teremos sempre alguém
Se soubermos escutar
Mas sobretudo
Se tivermos a sensibilidade
Para sentir
Mesmo em silêncio
Essa pessoa saberá
Que estamos na mesma frequência
Sensitiva
Mas para tal
Temos mesmo que sentir
Pela simples
E esquecida razão
Que sem tal
Somos fantasmas sem alma
Num receptáculo
A que chamam de corpo
Porque sem sentir
Nunca poderemos dizer
Que há em nós
O Existir…