Um encontro ao Amanhecer…
Olhamo-nos mutuamente
Nos nossos olhos difusos
Evanescentes
Que por quererem tento viver o futuro
Temem viver o momento presente…
No meio de uma névoa
Densa
Amarga
Restos de outras pessoas
De outras vivências
Que nos rodeiam
No fim desta madrugada…
E dá-se então
Uma espécie de dança
Com a qual despimos inibições
Tentamos sair da nossa pele
Do nosso ser
Que juntas
São as nossas secretas prisões…
Para fazer conversa comigo mesmo
Para me convencer a falar contigo
Acendo um cigarro
E de longe
Ouço-te murmurar ao meu ouvido:
Que não preciso daquilo
Que preciso apenas quem ouça
A voz que tento não audível
Que ouça o bater do meu coração
Que tento que não bata
Alguém que te diga
Que é escusado
E inútil
Suster a respiração
Que devo deixar fluir o que sinto
Sem medos
Sem amarras
Alguém que dê força
Ao meu ocluso ser
Eu olho bem nos teus olhos e descubro que és Tu
Dando-se então o nosso
Encontro ao Amanhecer…