Um encontro ao Amanhecer…

Olhamo-nos mutuamente

Nos nossos olhos difusos

Evanescentes

Que por quererem tento viver o futuro

Temem viver o momento presente…

No meio de uma névoa

Densa

Amarga

Restos de outras pessoas

De outras vivências

Que nos rodeiam

No fim desta madrugada…

E dá-se então

Uma espécie de dança

Com a qual despimos inibições

Tentamos sair da nossa pele

Do nosso ser

Que juntas

São as nossas secretas prisões…

Para fazer conversa comigo mesmo

Para me convencer a falar contigo

Acendo um cigarro

E de longe

Ouço-te murmurar ao meu ouvido:

Que não preciso daquilo

Que preciso apenas quem ouça

A voz que tento não audível

Que ouça o bater do meu coração

Que tento que não bata

Alguém que te diga

Que é escusado

E inútil

Suster a respiração

Que devo deixar fluir o que sinto

Sem medos

Sem amarras

Alguém que dê força

Ao meu ocluso ser

Eu olho bem nos teus olhos e descubro que és Tu

Dando-se então o nosso

Encontro ao Amanhecer…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 04/01/2011
Código do texto: T2707907
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