Armário do Tempo

As estranhas noções da vida são meras divagações

Imagens que se guardam numa vitrina e que ninguém toca

Por medo de destruir e com isso repercutir vibrações

Tal qual ondas de sons que se dissipam pela imensidão

E que rebentam bem perto de um rochedo feito de sangue

Que gera emoção e cria ilusão sob a forma de ritmos

Que acelerada e apaixonadamente gerem os dias

Ou de modo nostálgico e triste consomem o peito

A pedra preciosa que vê no vidro o diamante

No sol o astro rei que aquece os sentidos

Na areia a cama que alimenta os sonhos

É o coração, a arma secreta dos indivíduos!

Flores douradas que se encaixam em porcelana

Ampulhetas coloridas que controlam o tempo

Acordes que fazem os dedos percorrer as teclas da imaginação

Suspiros, gemidos, ruídos que o vento sopra até mim

Que eu sinto perto do ouvido a sibilar a minha emoção

Amparando a jornada de um percurso incerto

Que a alma não escolheu mas que a vida ofereceu

Como lição e experiência de enriquecimento

É a solidão, a tortura dos desamparados!

Olhando através da janela de caixilho branco

Encontra-se a luz de um candeeiro

Que cintila com o piscar dos olhos e ilumina

Não só a escuridão da noite

Mas também o eco de todos aqueles que sentem

Que essa réstia de brilho é a esperança

Que embala as noites vazias e sedentas de vozes

Ou os tesouros indescritíveis do desconhecido

É a luz, a tenacidade dos sonhadores!

E no ermo das minhas lembranças existe o abismo

A antítese de quem sonha e se lembra

Contra a amargura de quem percebe que não resiste ao tempo

Que os contos são entidades frágeis que se desmoronam

Das quais talvez alguém se recorde

Mas ela por si é insuficiente e fugaz

Porque mora num só cérebro e sem partilha

Morre sozinha no vazio do espaço

O mar intransponível e tempestuoso

Que se gerou um dia algures numa praia

Onde o pôr-do-sol era mais do que magia

E quando o vejo nas fotografias não posso deixar de sentir o vazio

Que fica só de olhar

Ao perceber que um dia o meu Amor quiseste naufragar

Mas quem sou eu para falar, ou sequer contestar

Sou apenas um pássaro que busca asas para voar

A borboleta que com mil cores

Um dia deu um beijo que a fez sonhar

É o sonho, a principal espada do coração!

Sonya
Enviado por Sonya em 19/10/2006
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T268549
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