INIMIGOS, ME PERDOE
Escavações profundas à memória do passado
Revolve restos de tristes lembranças,
Desolação é tudo o que a vista alcança.
Arfa no peito um coração amargurado.
Enclausurado, o ódio de negro tinge,
Onde outrora se desenhou bela paisagem
Transformando o perdão em perdida miragem,
Estampando no rosto a aridez de uma esfinge.
Debate-se em torturas e conflitos,
Ante o despertar do inimigo de olhos perseguidores,
E vendo em si a causa das próprias dores
Sangra no peito a chaga do grito aflito.
___Sábios, são aqueles que aprenderam a perdoar!
Inimigo fiz-me de mim mesmo, criatura ameaçada.
Por trazer no coração esta fera enjaulada,
Que fez o Amor para terras distantes, temporariamente, se afastar.
Reativo pela intolerância da ofensa que ameaça,
Armamos armadilhas à espera da caça,
Esquecidos que, de nós mesmos, somos caçador.
A compreensão é o gesto de quem oferece a outra face.
São as pazes feitas, uma trégua que nasce
No território demarcado e protegido pela bandeira do Amor!