CARAVANÇARAI

Entendo a vida como um caravançarai,
onde todos nos encontramos
em meio à longa jornada
para o infinito.
Ao redor de uma fogueira, descansamos
antes de penetrar novamente no deserto
e ir até as cidades de sonho e incerteza.
E cada um conta suas histórias,
e cada um canta suas canções,
e volta e meia alguém dedilha
nas cordas de uma guitarra
uma melodia dolente.
Sempre há quem eleve a voz
e reclame da dureza da viagem,
e há os que apreciam
as tempestades de areia.
E há os que se calam,
buscando na alma
a mais plena oração.
Há os que pensam em voltar,
em desistir da travessia,
pois acreditam que o deserto
não tem fim,
mas alguém ri e fala
da existência de uma cidade além,
cidade de ouro e mel,
cidade das luzes e do descanso.

Todos no caravançarai
olham quem chega um pouco tarde,
olham quem sai cedo demais.
Não tem fim a jornada.
É preciso seguir.
Descansemos.
O deserto nos aguarda.

Além, há o caravaçarai definitivo.