UNI(VERSOS) SEM FIM

Uni versos sem fim

Na vastidão do espaço,

E, no compasso do sonho,

Desabei em mim,

Na felicidade, assim, de nadar

Contra a correnteza cósmica

De qualquer clichê...

E nada disso tem lógica ?

Ah, dane-se a lógica !

Dane-se a estética

Das coisas padronizadas !

Pois é muito visível a falta de ética

De tanta gente sem alma

E de tanto cinismo, sem calma,

Vestindo falsas "verdades"...

E, apesar das calamidades e dos vícios,

Uni versos sem fim no mar dos universos,

Entre sonhos dispersos de almas e artifícios,

Construindo edifícios nos céus imersos,

E arranhando os véus de todos os suplícios,

Quando voam céleres todos os meus versos !

Voem, versos, viajem muito além

De todas as pseudo-verdades dessa vida,

Como pássaros - letras que não se contêm

Com qualquer rótulo e qualquer medida,

Voem sempre, pelo próprio bem

De não terem a alma vendida

E a consciência perdida

Nas aparências mil...

Voem, versos, voem com certeza,

Pelos céus dispersos do que realmente é

A vida, sem ondas de avareza,

Em toda a sutileza do pensar,

Porque é mais fácil deixar-se levar

Pelos outros e pela maré

Do que ter a coragem de nadar

Contra uma forte (e autoritária) correnteza.

------