VERDADE ?
VERDADE?
por Juliana s. Valis
Deixe as pseudo-verdades
Entrecortadas no espaço,
E faça da vida um laço
Que balança o tempo...
Pois há tanta luz no sentimento quanto na vida,
Há tanta verdade subliminar no vento
Quanto o espectro da manhã perdida
E rabiscada no horizonte, denso e sonolento !
Sim, deixe as pseudo-verdades entrecortadas
Em todas as dimensões do espaço,
Pois o que é uma "verdade"
Senão uma versão dos fatos ?
E, sendo assim, quantas versões
Os infinitos fatos nos darão ?
Ah, é mais possível contemplar o clarão de um sonho
Do que estabelecer a precisão exata de um "realismo",
Pois o que é própria a linguagem senão a pretensão
De objetividade humana no subjetivismo ?
E podemos falar de coisas opacas,
Podemos diluir, de repente, sonhos abstratos,
Podemos nos perder (e nos encontrar) infinitamente
Nas entrelinhas de qualquer mensagem,
Sem que nada disso seja verdade - ou mentira -
Ou padrão qualquer da humanidade...
Por tudo isso, são inúmeras as perspectivas
No labirinto metafísico das suposições,
E de nada adianta prender as ideias vivas
No perigoso cárcere das ilusões.
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